O futuro precário do
estado-nação (2)
A revolução industrial
desenvolve novas estruturas políticas – a colonização extensiva a todo o
planeta, o domínio diversificado das burguesias através do parlamentarismo ou
de ditaduras, sempre com a vulgarizada utilização da guerra, da violência
contra os trabalhadores e os povos colonizados.
Do ponto de vista
económico, o capitalismo liberal, produz os cartéis, o imperialismo e
desenvolve fórmulas de fusão das funções económicas e políticas através do
capitalismo de estado e do fascismo.
Os Ocidentais
apresentam-se como os construtores da História, os únicos com capacidade para
definir o futuro e, portanto, os portadores da universalidade.
B – O imperialismo e os
seus limites
8- Revolução
Industrial
9 – A construção
do imperialismo
10 – O imperialismo
maduro
11 - As duas Grandes
Guerras e os alvores do keynesianismo
12 - O capitalismo de
estado e o fascismo
++++++++++ XXXXX
++++++++++
8- Revolução
Industrial
Ao conjunto destas
fundas alterações ao nível da produção (máquina de fiar, máquinas a vapor, e
construção de canais, entre outras), do trabalho e da tecnologia designou-se
Revolução Industrial e decorreu durante um século, a partir da segunda metade
do século XVIII[1], época em que se inicia o primeiro ciclo desenhado por
Kondratiev[2] para caraterizar o carrossel capitalista, com
períodos de expansão e outros de contração da atividade económica, com marcados
efeitos no bem-estar social e no âmbito da política e da conflitualidade
militar.
Voltando a Inglaterra,
a Revolução industrial e o salariato conduziam os trabalhadores para uma grande
precariedade de vida e para uma forte consciência coletiva da sua condição. No
norte do país decidiram eleger, fora do quadro legal, deputados para o
Parlamento, que os representassem; e, quando em 1819, se reuniram 100000
trabalhadores em Manchester, o Estado, através da cavalaria, interveio para
estabelecer o poder das classes possidentes no que se veio a chamar o massacre
de Peterloo.
Dos episódios atrás
referidos resultam ensinamentos inesquecíveis e estruturais para enformar a
relação entre o trabalho e o capital, entre a multidão e as instituições que
representam os interesses do capital.
· O
poder do capitalismo marcava o seu caráter anti-social, como uma constante que
se vem mantendo, passados quase dois séculos; isto é, sempre que os interesses
do capital estão em jogo, as classes políticas mostram invariavelmente que são
aqueles interesses que devem defender, doa a quem doer – trabalhadores, erário
público, ambiente.
· O
Estado não mais deixaria de ser o capitalista coletivo que hierarquiza,
organiza e agrega politicamente a primazia estratégica dos interesses do
capital; e como tal, o dedicado pastor e repressor da multidão. Peterloo pode
significar também como é ilusório imaginar o Estado como um benfeitor da
multidão; mesmo quando atualiza salários mínimos ou abre uma escola; apenas
acarreta com aqueles custos para garantir a serena continuidade da maximização
do lucro.
· Finalmente,
tornou-se clara a necessidade de uma luta autónoma dos trabalhadores face às
instituições estatais, bem como de estruturas democráticas de decisão e de
organização, paralelas às dos capitalistas e das classes políticas. Ficou claro
que não é possível extinguir o capitalismo como evolução natural das suas
próprias estruturas, como mais tarde se viria a admitir (Bernstein e
Hilferding); e que a substituição de capitalistas privados por grandes
instituições monopolistas (Hilferding) ou pelo próprio estado (Lenin, Trotsky,
Bukharin, Varga e Stalin), não altera em nada a precariedade de vida dos
desapossados.
9 – A
construção do imperialismo
A Inglaterra viria a
mostrar-se, em meados do século XIX, como o estado-nação dominante.
Internamente, o modelo inglês, conjugava um criativo poder legislativo da
burguesia, em sintonia com um monarca sem pretensões de regresso ao
absolutismo, ainda muito presente na Europa continental. Essa unidade
materializava-se num bloco hegemónico bipartidarizado - que ainda hoje está
presente no país – que desenvolvia o expansionismo colonial e o poder militar,
sobretudo através do domínio dos mares, no seguimento de Trafalgar e Waterloo
com a consequente derrota das tentativas francesas de chegar à hegemonia
global. Essa hegemonia compreendia um Estado repressivo no capítulo da gestão
da força de trabalho.
Por seu turno, a
entrada no capitalismo industrial gera uma luta autónoma dos trabalhadores,
pela redução do tempo de trabalho e pelos direitos políticos; o aparecimento do
Manifesto do Partido Comunista em 1848 traduz a sua autonomia como classe
social, numa lógica internacionalista, com recusa do nacionalismo e com a
defesa da apropriação da propriedade privada dos meios de produção. A primeira
aplicação prática dessa autonomia viria a mostrar-se de modo efémero em 1871,
com a Comuna de Paris, na qual, entre outras medidas, se aprovaram, a redução
da jornada de trabalho, a igualdade entre os sexos, a abolição da pena de
morte, a eleição dos juízes, a educação gratuita, laica e obrigatória, que a
nacionalidade não seria ser tomada em conta, a abolição do exercito regular, as
igrejas transformadas em locais de debate… Para derrubar a Comuna, o governo
francês escorraçado para Versalhes pelos sublevados, fez um armistício com os
prussianos que o haviam derrotado e os últimos libertaram militares franceses
aprisionados, para se lançarem, em conjunto sobre os communards: no
final da repressão contavam-se 80000 mortos, na maioria executados e, esse
número não foi maior porque se teve medo de uma epidemia.
O modelo político
inglês, pelo seu sucesso, inspirava as outras burguesias, interessadas na
partilha dos mercados globais ou pretendendo maximizar o seu espaço no cenário
europeu, sobretudo para os mosaicos plurinacionais otomano e austro-húngaro,
visando o seu desmantelamento e vantagens comerciais. Para tal, surgiu o
princípio da correspondência “cada nação com o seu estado” que se aplicou na
Europa Oriental, primeiro à Grécia e depois à Sérvia, à Roménia e à Bulgária,
ao mesmo tempo que favorecia a unificação italiana.
Esse período iniciado
com as revoltas de 1845/8, na Europa, correspondeu a mudanças no sentido de monarquias
liberais, com a evidente preponderância das respetivas burguesias; e tentativas
de constituição de estados-nação ou de acesso a direitos elementares de
cidadania e democracia na Hungria, na Itália, entre checos,
polacos e alemães, estes últimos, integrados numa vetusta
Confederação Germânica.
A nova vaga de
inovações tecnológicas na segunda metade do século XIX (navios e comboios a
vapor, aço, telégrafo, máquinas ferramentas e outras) promoveu grandes avanços
na produtividade e exigiu maiores qualificações aos trabalhadores, bem como
enormes volumes de capital, geradores da constituição de conglomerados e
monopólios, que deram origem à segunda onda de Kondratiev.
A fase descendente
daquela onda desenvolve-se, passado o impulso da construção de grandes
infraestruturas ferroviárias ou dos canais e, na sequência, surge a depressão,
com uma grande crise financeira, com quebra do investimento, redução do crédito
concedido e baixa das taxas de juro, num período que vai de meados da década de
1870 até 1896. Daí resultará a criação de cartéis e a grande concentração de
capital que irá favorecer o surgimento de novas atividades baseadas no petróleo
na química e na metalurgia pesada com a energia do vapor a ultrapassar a
hidráulica, com a substituição do ferro pelo aço e construção de redes de águas
residuais.
A terceira onda de
Kondratiev arranca no final do século XIX como recuperação da crise financeira
atrás referida. Entra-se no período áureo do imperialismo até à I Grande
Guerra, à qual se segue um novo período depressivo que só termina, efetivamente
com a desenfreada produção de armamento no contexto da II Grande Guerra; e,
pesem embora as políticas keynesianas (avant la lettre) tomadas nos EUA
e na Alemanha nazi, que abordaremos mais adiante.
Os cartéis industriais
interligam-se com o capital financeiro, assumem uma relevância enorme,
desmentindo as líricas ideias de Adam Smith sobre a concorrência perfeita. Essa
concentração de capital para se reproduzir, exige a mobilização dos seus
respetivos Estados e classes políticas na defesa dos seus interesses, contra o
conjunto dos trabalhadores e no favorecimento nas disputas dos mercados
exteriores. Surge um capitalismo muito concentrado, agressivo, com grupos
nacionais rivais, em acerada concorrência pela partilha dos territórios
politicamente frágeis ou “sem dono” e com os respetivos Estados atuando como
mandatários daqueles cartéis, os seus campeões nacionais. Esta acerada luta tem
poucos participantes no topo: na Europa, a Inglaterra, a França e a Alemanha
que, emergindo como vencedora da guerra com a França, poucos anos antes, com
enorme pujança industrial e grande população, aspirava a ter territórios
coloniais em África e aceder aos seus recursos, para além dos EUA e de um
surpreendente Japão que, em poucas décadas, passa de estruturas feudais para um
imperialismo muito agressivo, em disputa com as potências ocidentais, na frágil
China e, humilhando a Rússia com uma derrota militar em 1905. Seguem-se na
hierarquia, na Europa, várias potências médias, como a Rússia, a
Áustria-Hungria e o Império Otomano; e estados-nação de menor gabarito mas com
possessões coloniais, como a Espanha, desapossada pelos EUA das suas possessões
na América e no Oriente, na passagem do século e, Portugal.
É neste quadro que se
desenrola a Conferência de Berlim, para a partilha de África, como único espaço
que faltava ocupar totalmente, pelas potências imperialistas, no planeta. Os
elementos dominantes são as três grandes potências europeias. O Congo foi
entregue a uma sociedade cujo acionista era o rei da Bélgica sob cujas ordens
foi efetuado um verdadeiro genocídio entre os povos da região (2 a 15 milhões
de pessoas, não se sabe bem) vinculados a trabalho forçado e à escravatura para
enriquecimento do “civilizado” monarca; como as vítimas tinham a pele preta e
pouco entendiam de finanças, nunca tiveram a notoriedade dos judeus
assassinados pelos nazis. Poucos anos depois, os EUA apoderavam-se das colónias
espanholas da América e do Pacífico, remetendo Espanha para um espaço colonial
residual no Norte de África; e, na mesma época, travavam-se as guerras entre
ingleses e boers, pelo domínio da África do Sul. No final dessa
partilha só escaparam a Libéria, fora da tutela formal dos EUA desde 1847, a
Líbia, subtraída aos otomanos pela Itália – retardatária na partilha colonial -
e a Etiópia que também foi ocupada pela Itália de Mussolini mas, só em 1936.
O caso português é
especial. Tinha territórios coloniais mas não tinha um desenvolvimento
industrial que fomentasse a sua exploração intensiva; e isso, para as grandes
potências era um desperdício, objeto de cobiça e conluios. O episódio do mapa
cor-de-rosa mostrou um Portugal a querer dar um passo maior que a perna mas que
conseguiu manter as suas colónias – alargadas para o interior – beneficiando
das rivalidades das grandes potências.
Do ponto de vista
tecnológico, na terceira onda de Kondratiev incorporam-se os motores e as
ferramentas elétricas, a eletrificação dos edifícios fabris ou domésticos, os
motores de combustão e o automóvel, a rádio e a telefonia, a metalurgia do
alumínio, a gestão dita científica e a produção em massa. Essas tecnologias e
métodos de trabalho tiveram também impacto na qualificação do trabalho para o
qual já não bastava apenas experiência mas, acima de tudo maior escolaridade
dos trabalhadores. Isso veio a permitir uma maior capacidade organizativa dos
trabalhadores, com reflexos no número e adesões aos sindicatos, bem como aos
partidos alicerçados nas classes trabalhadores, mormente no SPD alemão que veio
a degenerar marcadamente após a I Guerra até atingir, nos tempos atuais, um
dedicado papel na aplicação da Agenda 2010, neoliberal e anti-social, levada a
cabo por Gerhard Schroeder; e que Merkel herdou, agradecida.
No que respeita ao
trabalho fabril, Taylor estudou e aplicou (1911) lógicas de especialização, de
segmentação da produção para alcançar maior produtividade e, com isso, aumentar
lucros; enquanto na Bethlehem Steel, onde trabalhava, a produtividade aumentava
quatro vezes, os salários aumentaram de €1.15 para €1.85 por dia. Por um lado,
essa segmentação retirava poder aos trabalhadores qualificados, aumentava o
número dos não qualificados e criava a figura do supervisor, do burocrata que
zelava pelo andamento da produção. Taylor, embora sabendo a importância
estratégica do burocrata, do ponto de vista administrativo e da sua relevância
como zelador dos interesses do capital, não disfarçou o seu desprezo pelo
burocrata “tão estúpido e fleumático que a sua mente mais parecia a de um boi”.
O método permitia pagar
melhor aos trabalhadores, menores jornadas de trabalho, maiores tempos de
descanso e condições de trabalho que evitassem greves e perturbação da máquina
produtora de capital. Pretendia harmonizar os interesses dos capitalistas com
os dos trabalhadores, através de maior racionalização do processo produtivo,
com a limitação das tarefas a actos repetitivos que tornassem os trabalhadores
meras ferramentas, com dificuldades de compreensão do processo produtivo,
infantilizados, estendendo e reforçando, por consequência, o papel das
hierarquias dentro da empresa. Taylor, não teve dificuldades em dizer que o seu
método “tornava qualquer tipo de problema laboral ou greve, impossíveis” o que,
no entanto, não evitou fortes reações dos trabalhadores (greve da Renault em
1912 por exemplo) numa época de grande agitação laboral também nos EUA[3].
Quase em paralelo,
Henry Ford (1913) - que desconhecia a existência de Taylor - gerou a produção
em massa de um mesmo produto que o tornaria com um baixo preço relativo,
sobretudo se associada à “racionalização” do trabalho defendida por Taylor;
este propunha alterações ao nível da produção e Ford avançava com condições
para o alargamento do mercado, do aumento do consumo[4] e, essa interação, naturalmente aumentava os lucros
e acrescia o capital acumulado. Ford entendeu que dezenas de milhares dos
trabalhadores das suas fábricas, beneficiários de melhores salários, se
tornariam consumidores dos seus próprios produtos; uma realidade que no
capitalismo neoliberal só acontece com através da infestação publicitária e do
recurso a dívida, sempre em conjunto de austeridade. À produção em massa
correspondia o consumo em massa, ao mesmo tempo que uma massa de homens era
obrigada a ir para a guerra, em nome das respetivas pátrias.
10 – O
imperialismo maduro
Todo o período que se
estende do último quartel do século XIX e, sobretudo, as duas guerras mundiais,
até 1945 corresponde ao que Hilferding e depois Lenin designaram por
imperialismo; o primeiro na acepção de capital financeiro e o segundo
entendendo-o como a interpenetração entre os bancos e a indústria. Depois da
revolução de 1917, Lenin focou-se na luta pela sobrevivência do novo regime,
contra os exércitos das potências ocidentais no contexto da I Guerra, contra as
intervenções externas posteriores apostadas na destruição do estado soviético,
na jugulação da guerra civil e das revoltas das nações contidas na herança do
estado czarista e ainda na anulação de qualquer oposição social e política ao
partido bolchevique. E, por outro lado, a prevista revolução dos trabalhadores
ocidentais não tendo sido generalizada, nem vitoriosa, conduziu ao isolamento
do país.
O período seguinte, os
anos 20 e 30 são anos de depressão, de desenvolvimento das taras nacionalistas
e do fascismo, acompanhado por forte desconfiança e hostilidade face à URSS
onde se passou a interpretar como imperialismo essa hostilidade das grandes
potências. Mais tarde, já no pós-guerra, com a passagem a um mundo bipolar, com
a URSS a constituir um desses polos, Baran e Sweezy estabelecem uma relação
entre imperialismo e o caráter hegemónico dos EUA materializado pelas suas
multinacionais. Por seu turno, Mandel refere que a produção e o consumo são
comandados pelas multinacionais ligadas ao estado-nação de onde emanam, mesmo
que mantenham sucursais em outros países.
Uma das caraterísticas
desse período entre as duas Grandes Guerras é que o capital se achava
essencialmente com uma base nacional, com cada um dos países mais avançados a
deter as suas grandes empresas, os seus conglomerados e grupos, o seu sistema
financeiro, para além de moeda própria, fronteiras militarizadas e pontos de
cobrança de direitos alfandegários, como instrumentos protetores das coutadas
das tais grandes empresas nacionais. Essa defesa da intrusão de bens
vindos de fora confluía com o nacionalismo exacerbado e o fascismo, defensores
da máxima auto-suficiência; e que marcavam a política na maioria dos países
europeus.
Essa grande
concentração de capital anulava a ficção do capitalismo concorrencial,
igualitário e gerava, pelo contrário, os chamados lucros de monopólio, as
vantagens do controlo dos mercados, dos preços em geral, a capacidade de impor
os preços do trabalho e de influenciar a classe política que, da sua parte,
assumia como determinantes de atuação, os interesses das grandes empresas. Uma
vez mais, firmava-se a unidade entre capitalistas e Estado no controlo e na
definição da política nacional, face à concorrência externa, protagonizada por
outros estados-nação onde o modelo era o mesmo; e isso era tanto mais
facilitado porque se vinha reduzindo o peso político das nobrezas, dos grandes
proprietários de terras, uma vez que a indústria era a atividade dominante,
integrada com a finança nacional.
A resistência ao modelo
imperialista nos países mais avançados, vinha das classes trabalhadoras, cujo
ponto alto no que respeita à defesa de alterações sistémicas se situou nos anos
20, antes e como resposta às derivas fascistas; e isso, porque o internacionalismo,
a recusa das fidelidades pátrias e o primado pela unidade de gente de uma mesma
condição como pobres e explorados, tinha sofrido um retrocesso quando
trabalhadores procuravam matar outros trabalhadores nas trincheiras da guerra
de 1914/18.
Entendemos por
imperialismo, a fórmula geopolítica, agressiva e guerreira, centrada no papel
dos estados-nação dominantes, nos quais se manifesta um entrosamento íntimo
entre o respetivo aparelho de estado gerido por uma classe política, por um
lado; e com cartéis de origem nacional, por outro, a que podemos designar por
campeões nacionais. Dessa comunhão de âmbito nacional resultam conflitos e
guerras frequentes contra a concorrência, entre os vários estados-nação, para a
apropriação de recursos e mercados, em que não escapam povos dominados
(colonizados ou não), que nada beneficiam dessas disputas e conflitos. Como
explicaremos em texto seguinte, este modelo já não é o dominante nos tempos que
correm.
11 - As duas
Grandes Guerras e os alvores do keynesianismo
A evolução tecnológica,
no princípio do século XX, é tão rápida que, no caso do armamento, este evoluiu
consideravelmente na sua eficácia de fogo e morte, avolumando-se as
desigualdades entre as grandes potências e as de menor gabarito, para não falar
na sua superioridade esmagadora sobre os povos subjugados da periferia
colonial, como se observou, por exemplo na guerra que os ingleses fizeram aos
zulus. Os aristocráticos estados-maiores, na guerra 1914/18, não hesitaram em
enviar centenas de milhar de soldados para verdadeiras carnificinas, replicando
as táticas da guerra franco-prussiana… cerca de quarenta anos atrás, quando a
tecnologia era muito menos mortífera. Na II Guerra, por exemplo, na invasão da
Polónia, os panzer alemães chegaram a encontrar pela frente…
soldados montados a cavalo. Diga-se, em homenagem à bravura dos generais que,
nessa época, eles ficavam sempre na retaguarda, a ver a exposição dos soldados
ao fogo do inimigo, a oferecerem o corpo na defesa da… pátria.
No capítulo da II Guerra
a destruição e a mortandade foi muito superior sobretudo porque associada a
práticas de genocídio étnico-cultural por parte dos nazis (vitimando judeus,
ciganos, eslavos, homossexuais) ou político (atingindo anarquistas e
comunistas); mas também no âmbito das práticas suicidas dos kamikaze japoneses ou
das duas selváticas experiências de lançamento de bombas atómicas sobre
populações civis, por parte dos EUA. Posteriormente, as situações de guerra
mantiveram-se mais localizadas mas, no seu conjunto, ganharam duração, podendo
dizer-se que os tiros constituem a “música” constante que ecoa no planeta desde
a II Guerra. Terminada a era da colonização com as independências que se
arrastaram até meados da década de 70, a apropriação de riquezas não passa pelo
objetivo de conquista colonial de território mas pelo controlo dos seus
recursos, por via empresarial, mantendo uma administração local formalmente
soberana dominada por gangs militares ou civis, de sanguinários saqueadores.
O falhanço da revolução
de 1848 teve, na Alemanha, consequências enormes. Na Inglaterra e em França, o
poder foi-se consolidando em torno de uma burguesia que se fundiu com a
aristocracia na primeira, saindo esta muito enfraquecida na sequência de 1789,
em França a despeito da restauração monárquica terminada em Sedan. Na Alemanha,
a sua pujante industrialização ocorreu em paralelo com o desenvolvimento de um
bom sistema de ensino e com o pioneirismo de ter criado uma segurança social;
não porque Bismarck fosse um humanista mas, porque eram precisos trabalhadores
qualificados (o ensino técnico nasceu na Alemanha), que não faltassem amiudadas
vezes por doença ou, se sentissem atraídos pela reivindicação
económica ou política.
Essas caraterísticas de
grande modernidade coexistiram com o poder de Estado entregue ao hegemonismo
prussiano, tendo o rei da Prússia sido proclamado Kaiser (César,
imperador) da Alemanha em Versalhes, por indicação de Bismarck, no seguimento
da vitória na guerra franco-prussiana. O poder na Alemanha era dominado por uma
aristocracia militarista, que vinha de longe, da Ordem Teutónica, protagonista
de um longo combate de expulsão e submissão de eslavos e bálticos e que, nesse
processo de hegemonia prussiana se sobrepôs às liberais cidades hanseáticas,
como a uma vasta e diversificada lista de príncipes, condes… herdeiros tardios
do Sacro Império Romano-Germânico de Carlos Magno. Esse ódio e desprezo contra
os eslavos, tocava fundo na aristocracia alemã mas, também em intelectuais,
como Marx; e foi aplicado de forma genocida no seguimento da invasão nazi da
URSS, em 1941.
A derrota em 1918 - com
a capitulação, a humilhação de Versalhes, a perda de territórios, população e a
perda do império colonial - derrubou a monarquia e o poder da aristocracia,
gerando anos de crise politica, de brutal inflação, desemprego e pobreza, que
acabaram por levar Hitler ao poder, na base de um programa revanchista face aos
ditames de Versalhes, de retorno a um Estado forte, com a adopção de uma teoria
genocida de purificação da raça ariana e de ocupação de território onde viviam
não-arianos, para além da perseguição a todos os que não se revissem no
programa fascista. A aristocracia militar era muito sensível às humilhações de
1918, sentindo-se traída pela capitulação do kaiser; e, embora desprezasse
um reles pintor (de fracos méritos, acrescente-se) como Hitler, sem pedigree nem
esmerada educação, não hesitou em conluiar-se com ele, contra os ditames de
Versalhes, cobrando apenas, do chanceler a chacina dos SA, a tropa privada do
partido nazi, desprezada pelos orgulhosos e militaristas aristocratas.
A importância do
Estado, na tradição alemã, evidencia-se através de um programa, que viria a ser
conceptualizado, pouco depois por Keynes, daí resultando que esse tipo de
políticas económicas se viesse a designar por keynesianas, posteriormente. No
caso da Alemanha contemplavam grandes fundos públicos para apoio das empresas,
no investimento e na redução do enorme desemprego e ainda um programa de
construção de infraestruturas públicas associado à produção de armamento; um
programa com muitas semelhanças ao levado a cabo nos EUA, o New Deal. Esse
programa tinha como peças fundamentais os konzern (conglomerados
de empresas) tendo no topo o ministro von Schacht, um homem ligado à banca.
Tudo isto estava associado a uma política de baixos salários e de militarização
paternalista do trabalho, animada por propaganda nacionalista, racista e
higienista, com largos traços derivados da experiência italiana com Mussolini,
que também havia servido de modelo ao regime de Salazar. Essa ação do Estado
estendia-se também ao lazer, ao desporto e à cultura, no âmbito de uma
inequívoca preparação para a guerra.
A politica económica
com grande empenho do Estado na viabilização do capitalismo teve aspetos comuns
nos casos da Alemanha e dos EUA, a começar pelas suas causas estruturais, de
profundas depressões económicas; a Alemanha com o desemprego e a hiperinflação
e os EUA na sequência do estoiro da bolsa em 1929. As suas políticas
laborais, porém eram distintas, uma vez que nos EUA se criou um salário mínimo
e apoios a desempregados e idosos, com o governo a apoiar o papel dos
sindicatos, como forma de os integrar numa lógica negocial e conservadora, face
ao grande patronato. Porém, tanto na Alemanha como nos EUA, a melhoria da
situação económica teve a verdadeira alavanca na produção de armamento; esta, se estancou na Alemanha com o final da guerra,
continuou a ancorar a prosperidade americana posteriormente[5], através de conflitos com participação direta ou por
procuração, quer com a criação de um mercado privilegiado - os países da
Nato.
12 - O
capitalismo de estado e o fascismo
A cava da terceira onda
de Kondratiev corresponde ao início da depressão que se consolidou no final da
I Guerra e vai durar até que o esforço armamentista, reforçado, nos EUA e na
Alemanha, com trabalhos de obras públicas, inverta a tendência. Daí resultaram
o encerramento autárcico, a reação à revolução russa, a gestão do capital pelos
partidos sociais-democratas, na vã esperança de uma transição natural e
pacífica do capitalismo para o socialismo, fruto da concentração de meios nos
grandes cartéis; o que, na realidade, veio antes a favorecer a formação de
regimes fascistas. Estes, proliferaram nos países da periferia europeia,
atrasados economicamente e sem regimes políticos pluralistas consolidados, como
Portugal, Espanha, Grécia, Hungria, Roménia…Para além da Itália, um país muito
marcado pela diferença entre Norte e Sul e da Alemanha, industrializada.
O fascismo corresponde
precisamente a uma fusão entre os poderes do estado e os capitalistas, num
plano muito mais elevado do que o correspondente aos poderes liberais típicos;
o poder político apresenta-se marcado por um caráter messiânico que exige a
adesão de todo o povo, uma disciplina militar no trabalho e um exacerbado
fervor nacionalista, de afirmação das putativas grandezas da raça. O fascismo é
coletivista, centrado num chefe carismático, em torno do qual toda a nação se
deve unir, na procura de auto-suficiência, o que exige protecionismo e
conquista de territórios e povos considerados menos dignos - os eslavos para os
nazis, os etíopes para os italianos, os “incivilizados” povos do império
português. A prossecução da auto-suficiência que gera a grandeza da pátria
exige batalhas de produção, sacrifício e o esmagamento brutal de qualquer
veleidade de desvio de rumo, protesto ou reivindicação; e daí a existência de
polícias secretas com plenos e arbitrários poderes. A nação identifica-se com o
regime e com o seu partido único, sem admitir diversidades partidárias. Se o
patriotismo, ao crescer com a edificação do estado-nação se tornou um dos seus
adereços constituintes, no fascismo torna-se obrigatório e sacrificial.
Para Marx, como para
Bakhunin – a despeito das suas divergências - a libertação dos trabalhadores
face ao capitalismo seria efetuada pelos próprios, sem distinções de
nacionalidade, com a apropriação coletiva dos meios de produção e a desaparição
desse capitalista coletivo designado por Estado. Essa utopia incontornável,
desconsiderada pelos reacionários vulgares e torpedeada pelo trotsko-estalinismo
de todos os tempos, é bem evidenciada numa frase de António Negri numa
entrevista recente - Rousseau dizia que o maior criminoso já nascido
foi aquele que disse, antes de todos: “Isso é meu”. Mas houve um criminoso
ainda maior, Rómulo, que disse: “Essa é minha fronteira”. São a mesma coisa, propriedade e fronteira.
Nas décadas de 1920/30
desenvolveu-se, na Rússia, como degenerescência da revolução de 1917, um
capitalismo de estado, com todas as decisões de ordem política, económica,
social e cultural a partirem da cúpula de um partido que se confundia com o
próprio aparelho de estado; um perigo já enunciado por Bakhunin no âmbito das
suas divergências face aos apoiantes de Marx. As várias esferas hierárquicas do
partido constituíam (e constituem ainda hoje, na China ou em Cuba) uma elite,
uma casta ou uma classe – os burocratas – que entende estar possuída de uma
capacidade única de interpretação da realidade e dos problemas e,
simultaneamente, do poder de definir os meios, o modo da sua aplicação e, de
aferir os seus efeitos sobre a plebe. Institui-se assim, um poder constituinte
a todo o momento, o poder de uma elite iluminada que se encarrega de menosprezar
ou punir qualquer crítica ou alternativa proveniente da população ou emanada do
próprio seio desse partido-estado.
Uma diferença em
relação às atuais classes políticas nas democracias de mercado é que nestas, há
uma mais frequente rotação entre os gangs que as constituem e
que ensaiam, periodicamente, espetáculos de eventual e cosmética mudança
(eleições); nesses casos, as classes políticas dedicam-se à concertação dos
interesses dos grupos privados nacionais, das multinacionais e do sistema financeiro,
no exercício de um poder delegado por estes últimos. Em ambos os casos a
população é obrigada a esforçar-se para colocar parte substantiva do produto do
seu trabalho nas mãos da casta para que esta execute as medidas que melhor
entender, no âmbito da sua insuperável e imputada sabedoria; seja essa casta um
grupo de partidos ou um só, um partido-estado, com menor ou maior utilização de
coerção musculada.
Segundo Lenin (Que
fazer?) os trabalhadores não conseguem compreender o que vai além das questões
sindicais, porque à época, as riquezas extraídas da exploração colonial
desviariam os trabalhadores da revolução. E daí que fosse necessário um corpo
de revolucionários, intelectualizados, uma vasta burocracia capaz de
protagonizar uma ditadura do proletariado e executar a missão histórica do…
proletariado que, no caso concreto da Rússia tinha sido duramente atingido pela
I Guerra, pela guerra civil que se seguiu e pelos massacres de Kronstadt ou no
seio da revolta makhnovistas. Em 1920, o mesmo Lenin (Imperialismo, Estado
Supremo do Capitalismo) considera que os operários qualificados eram os
verdadeiros agentes da burguesia no seio do movimento operário… numa época em
que em toda a Europa estava em curso uma forte e violenta luta dos
trabalhadores contra o capital. O que valeu, nessa lógica, foi… a instituição
do partido, de uma casta de burocratas para substituir o conjunto dos
trabalhadores, como inspirado sujeito revolucionário. Daí que tenham surgido,
como figuras de transição para o comunismo, o capitalismo de estado, o
socialismo, as transições para o socialismo, o socialismo de mercado (NEP), as
economias de mercado socialista (modelos vietnamita ou laociano)… como formas
de perpetuar a legitimar burocratas repressivos e corruptos. A única função útil
dessas burocracias partidárias foi a de desacreditar a revolução junto dos
trabalhadores, favorecendo o capitalismo, emissor de um “there is no
alternative”, como hoje é bem visível.
O comunismo de guerra,
com as dificuldades enormes de abastecimentos que gerara promoveu uma
centralização militarizada, com a cooptação de oficiais do exército czarista, a
dissolução dos comités de soldados e a instituição da sinistra figura dos
comissários políticos; Trotsky definiu claramente essa centralização dizendo que
“num Estado proletário a militarização é a auto-organização da classe operária”[6]. A estatização da indústria e, em 1932, da propriedade
agrária, aumentou a atividade económica centrada nas decisões do
partido-estado, muito para além daquelas funções típicas dos estados – funções
militares, serviços secretos, polícia, campos de concentração, educação,
saúde…; e foi aumentando a importância do Plano, em regra, só cumprido na
propaganda, por exemplo, através da impossível capacidade de trabalho de
Stakanov.
Na URSS onde o
internacionalismo inicial foi esquecido em nome da defesa da “pátria
socialista” nada mais se fez do que acompanhar o pendor nacionalista dos partidos
sociais-democratas dos países mais a oeste, bem presente durante a I Guerra,
com décadas de matanças e degredos ordenados por Lenin, Trotsky e Stalin; um
nacionalismo também peça central nos regimes fascistas. Em 1935, a
Internacional comunista adopta o princípio das frentes populares, subscrevendo
a política de Stalin, de consideração da URSS como a herdeira do império russo[7]. Mais tarde, no seio dos partidos comunistas, o
internacionalismo que ainda vinha fazendo parte da sua retórica foi substituído
por “solidariedade internacional”, por proposta do PCI na Conferência de Berlim
em 1976 e na sequência da invasão da Checoslováquia em 1968. A solidariedade dos
povos e, mormente dos trabalhadores, ficava esquecida e elevava-se a relevância
dos estados-nação ainda que com uma suserania paternalista com sede em Moscovo;
tudo isso, dirigido e protagonizado pelas rígidas e sectárias hierarquias dos
partidos comunistas.
Uma intencional
confusão que vingou, desde os tempos iniciais, na escolástica
trotsko-estalinista foi a consideração da nacionalização, da estatização, como
forma natural e otimizada de libertação do capitalismo, ficando relegadas para
o esquecimento, fórmulas de autogestão, de propriedade coletiva, comunitária,
com ausência de hierarquias e imposições de um estado central e autoritário…
forçosamente capitalista. Não havendo autonomia na base, toda a decisão repousa
nas altas esferas de um estado muito centralizado na decisão, autoritário,
protagonizado por uma burocracia omnipotente que se confunde em grande parte
com o partido que utiliza a planificação como instrumento programático e,
simultaneamente de controlo de toda a atividade económica. Essa intencional
confusão está, ainda hoje, muito presente no que ainda existe de
trotsko-estalinismo e contamina muita gente que, não o sendo, não se libertou
da sua influência e toma a intervenção do Estado, em geral, como o elixir para
o bem-estar e para a redução do papel do capitalismo nas sociedades atuais. No
caso português, as nacionalizações de 1975, foram encaradas como um passo decisivo na marcha para o
socialismo embora na realidade tenha sido a transmissão de prejuízos da
descolonização, do sub-investimento do tempo do fascismo e ainda dos custos de
capitalização ou reestruturação de empresas – pagos com o dinheiro dos
impostos, com as intervenções do FMI, com grande perda de poder de compra; e
que foram privatizadas gradualmente, a partir dos anos 80, na base de um acordo
do governo Cavaco com Vítor Constâncio, então o chefe do PS, na oposição. Em
resumo, um negócio entre as duas facções do partido-estado português, o PSD/PS
ou o PS/PSD, de acordo com a conjuntura.
(continua)
Este e outros textos
em:
[1] Simbolicamente pode designar-se a primeira
fábrica com tendo surgido em Cromford, na Inglaterra em 1771
[2] As ondas ou os ciclos de Kondratiev, são
constituídas por periodos de expansão e períodos de depressão da atividade
económica que se prendem com as limitações, contradições e desastres políticos
e sociais inerentes ao capitalismo, bem como às mutações introduzidas pelas
inovações tecnológicas. Assim, consideram-se quatro ciclos: 1790/1848,
1848/1890, 1890/1945, 1946/2008.
Por
curiosidade, refira-se que Kondratiev baseou as suas conclusões em dados
estatísticos e cálculos complexos e demorados. Porém, a divulgação de ciclos no
capitalismo não cabia na tese vigente no princípio do século XX de que o
capitalismo estava numa fase terminal (recorde-se o texto de Lenin
“Imperialismo - Estado Supremo do Capitalismo” que ainda tem crentes… um século
depois. Como os cálculos não coincidiam com a especulação política, um
criminoso chamado Trotsky tratou de inventar números que contrariassem o estudo
de Kondratiev e se adequassem às conveniências políticas; e, na sequência, o
seu irmão gêmeo, Stalin acabaria por mandar assassinar Kondratiev, como
herético do dogma “socialista”.
[3] Lenin entendeu o taylorismo de um modo
economicista. Defendeu que seria uma boa forma de aumentar a produtividade mas,
menosprezou a violência da pressão exercida sobre os trabalhadores, relegados a
tarefas atomizadas, dificultando assim a compreensão do processo produtivo que
caberia apenas aos gestores… que viriam a constituir o grupo dominante no PCUS
e na URSS, com os resultados que se conhecem do capitalismo de estado que
colocaram no terreno. O massacre de Kronstadt, o esmagamento da rebelião de
Makhno, a aplicação da NEP e do Código do Trabalho de 1922 desvaneceram
qualquer lógica de controlo operário, tornando instrumentalizados pelo Estado,
os sovietes, os comités de fábrica e
os sindicatos...
[4] A
produção em massa embarateceu o preço do célebre Ford T de 900 para 350
dólares, o que correspondia a cerca de 20% do rendimento anual de um
trabalhador da própria Ford. Cabe perguntar quantos trabalhadores, hoje, podem
comprar um automóvel novo … com 20% do seu rendimento anual.
[5] Considera-se que a especialização dos EUA
pesa na economia global através da produção de armamento, da
tecnologia informática e o seu correlato de controlo da informação, da
produção de cereais e da ideologia reacionária emanada de Hollywood
[6] Sobre a constituição do capitalismo de estado
utilizamos elementos contidos na “Historia de la Unión Soviética” de Carlos
Taibo.
[7] As
bases para esta mudança encontram-se em “O Marxismo e a Questão Nacional” de J.
Stalin (1934) que retoma as ideias de Otto Bauer no princípio do
século e é objeto de um imediato desenvolvimento teórico por Henri
Lefèbvre “O Nacionalismo Contra as Nações” (1937). Este modelo
teórico, passados 80 anos continua vivo no PCP, com a sua “política
patriótica de esquerda” ou no KKE, grego, que não esconde a sua admiração por
Stalin.
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