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GUERRA NUCLEAR
O PRIMEIRO DIA
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
6.8 As guerras secretas de rosto humanitário
Além das guerras propriamente ditas, Washington provoca cada vez mais
«guerras não convencionais» através de «operações cobertas», ou seja, secretas.
Ocupam-se delas a Comunidade dos Serviços Secretos, formada por 17 organizações federais. Além da CIA (Agência Central de Inteligência), há a DIA (Agência de
Inteligência da Defesa), mas cada sector das Forças Armadas - Exército,
Aeronáutica, Marinha, Corpo de Fuzileiros Navais (Marines) – têm o seu próprio
serviço secreto. Como também têm o Departamento de Estado e o da Segurança da pátria.
Entre estes serviços, em competição azeda, uns com os outros, para agarrar
apoios políticos e fundos federais, está a NSA, a Agência de Segurança
Nacional.
A NSA é especializada em escutas telefónicas e informáticas, através das
quais são espiados não só os inimigos, mas também os amigos dos Estados Unidos,
como confirma o «datagate» suscitado pelas revelações do antigo funcionário Edward Snowden. Durante
a Administração Obama, a NSA aumentou mais um terço do seu pessoal civil e
militar elevando-o para 30.000 funcionários,
duplicou o seu orçamento e mais do que triplicou os seus contratantes
privados, aumentando-os de 150 para 500. O seu quartel general, em Fort Meade
(Maryland), é muito maior do que o Pentágono.
A NSA dispõe de diversos centros, cada um com uma tarefa específica. O
centro do Texas, espia a América Central e Meridional; o da Georgia, o Médio
Oriente; o do Hawaii, os países na zona do Pacífico, compreendendo a Rússia e a
China; o da Austrália, toda a Ásia. O centro em Inglaterra, espia a Europa, o
Médio Oriente e o Norte de África. E no Utah opera um centro para a guerra
cibernética, ou seja, para os ataques às redes informáticas dos outros países.
Neste quadro entram as «Psyops» (Operações psicológicas), em que estão
envolvidas unidades especiais das Forças Armadas e dos Serviços Secretos USA.
As mesmas são definidas pelo Pentágono como «operações planificadas para
influenciar, através de determinadas informações, as emoções e as motivações e,
portanto, o comportamento da opinião pública, das organizações e dos governos
estrangeiros, e assim, induzir ou reforçar atitudes favoráveis aos objectivos
prefixados.»
Esse é, exactamente, o objectivo da colossal psyop política e mediática lançada
sobre a Síria. Pois que durante cinco anos (o livro foi escrito em 2017) se almeja
destruir o Estado sírio, fragmentando-o a partir de dentro, com grupos
terroristas armados e infiltrados a partir do exterior e provocando mais de 250
mil mortos. No momento em que a operação militar está a falhar, a seguir à
intervenção russa de apoio a Damasco, em 2015, lança-se a operação psicológica
para fazer parecer como agressores, o governo e todos os sírios que resistem às
agressões. A ponta de lança da psyop é a demonização do Presidente Assad (como
foi feito com Milosevic e Gaddafi) apresentado-o como um ditador sádico que gosta
de bombardear hospitais e exterminar crianças, com a ajuda do amigo Putin (retratado
como o neo-czar do império russo renascido).
No grande âmbito das Psyops coloca-se a criação, em 2011, da obra do
Presidente Obama, a Atrocities Prevention Board, uma comissão especial da Casa
Branca para a «prevenção das atrocidades». Preside a esta comissão a sua
inspiradora, Samantha Power, assistente especial do Presidente e Directora dos Direitos Humanos do National Security Council, formado pelos conselheiros mais
importantes da política estrangeira. A Power é especializada em denunciar presumíveis
atrocidades, atribuídas aos que, de vez em quando, os USA marcam como o inimigo
número um. Sob as asas do seu patrono, o poderoso financeiro George
Soros,contribui para elaborar a doutrina «Responsabilidade de Proteger», que
atribui aos Estados Unidos e aos mais tensos aliados o direito de intervir
militarmente nos casos em que, de acordo com o seu juízo inquestionável, se
estão a cometer «atrocidades em massa».
Psyop gigantesca que, invertendo a realidade, oculta as atrocidades em
massa de que está constelada a História dos Estados Unidos, a iniciar com o
genocídio da população autóctone norte-americana. Basta recordar, limitando-nos
aos últimos cinquenta anos, as guerras contra o Vietnam, Camboja, Líbano,
Somália, Iraque, Jugoslávia, Afeganistão, Líbia; os golpes de Estado orquestrados
pelos USA na Indonésia, Chile, Argentina, Salvador - milhões de pessoas presas,
torturadas e mortas.
Outra tarefa das agências de inteligência (serviços secretos), em
particular da NSA, é indicar as pessoas perigosas para os Estados Unidos, de
eliminá-las com ataques de drones e acções de comandos. Através de uma rede
informática criptografada, a Real Time Regional Gateway, a NSA fornece a lista
dos «alvos» e todas as informações
necessárias para encontrá-los e eliminá-los com drones ou comandos. Para tal
fim dispõe da tecnologia mais avançada, que permite localizar uma pessoa
através do telefone móvel/celular, mesmo quando está desligado.
Como documenta o New York Times durante a Administração Obama, é o próprio Presidente que efectua a «nominação
top secret» dos presumíveis terroristas a matar, com ataques de forças
especiais ou com drones, A «kill list» - que compreende pessoas de todo o mundo
que, julgadas como nocivas para os Estados Unidos e para os seus interesses,
são condenadas secretamente à morte sob a acusação de terrorismo – é actualizada
todas as semanas através do «mais estranho dos rituais burocráticos»: a
teleconferência, gerida pelo Pentágono, por mais de cem responsáveis da
«Segurança Nacional», os quais removem os dados dos mortos e adicionam outros,
numa espécie de jogo macabro que um funcionário compara às estatuetas dos
campeões de baseball. Assim, a lista é submetida ao Presidente para aprovação.
Sobretudo, quando «junto ao terrorista, que será atingido pelo drone, está a
família», pertence ao Presidente «a avaliação moral final». Junto à autorização
do Presidente, o operador, sentado na consola de comando do drone, nos Estados
Unidos, lança os mísseis contra o alvo, por exemplo, uma casa no Paquistão,
indicada como refugio do presumível terrorista.
As acções de campo são efectuadas pelo USSOCOM, o Comando das forças
especiais, que dispõe de dezenas de milhares de comandos dos quatro sectores das
forças armadas.Nascidas como Boinas Verdes, oficializadas pelo Presidente
democrata, Kennedy, em 1961 e empregadas na guerra do Vietnam, as forças
especiais são promovidas pelo Republicano Reagan, que, em 1987, constitui o
comando apropriado das operações especiais, o USSOCOM. Depois de terem sido
usadas pelo republicano Bush na «guerra global contra o terrorismo», sobretudo
no Afeganistão e no Iraque, com o democrata Obama assumem uma importância
adicional. Como surge de um inquérito do Washington Post, as forças das
operações especiais estão distribuídas em 75 países.
A sua missão oficial compreende: acção directa para destruir objectivos,
eliminar ou capturar inimigos; guerra não convencional conduzida por forças do
exterior, treinadas e organizadas pelo USSOCOM; anti-insurreição para ajudar os
governos aliados a reprimir uma rebelião.
O uso das forças especiais oferece a vantagem de não necessitar da
aprovação do Congresso e de permanecerem secretas, não suscitando reacções da opinião pública. Em geral, os comandos das
operações especiais não usam nenhum uniforme, mas usam como camuflagem, as
roupas locais. Os assassinatos e as torturas que levam a cabo, ficam, assim, no
anonimato. O «Team Six», a elite da elite dos Fuzileiros Navais/Navy Seals, é
tão secreta que, oficialmente, não se admite a sua existência. Segundo um
relatório oficial, é esta unidade de forças especiais que, em 2011, mata Osama
bin Laden, cujo presumível cadáver é sepultado no mar. Ou é encenada a morte de um Bin Laden já morto
e capturado, para reforçar a reeleição do Presidente Obama.
Para a guerra «não convencional», o USSOCOM emprega mesmo companhias
militares privadas, às quais é acrescentado um número cada vez maior de
funções, antes realizadas pelos exércitos oficiais. Na área do Comando Central
USA, que compreende o Iraque e o Afeganistão, os contratados pelo Pentágono são
150 mil. Acrescido daqueles assumidos por outros departamentos e exércitos
aliados, cujo número é desconhecido, mas certamente elevado. Esses contratados
são fornecidos por um oligopólio de grandes companhias, estruturadas como
verdadeiras multinacionais.
Entre as mais qualificadas, a Xe Services Llc (conhecida anteriormente
como Blackwater) que fornece «soluções inovadoras» ao governo USA e a outros. A
DynCorp International, que se auto define «empresa global multiforme»,
especializada em «imposição da lei, peacekeeping e operações de estabilidade».
Com um pessoal de dezenas de milhares de especialistas, esta sociedade anónima
da guerra acumula uma vasta experiência em operações secretas, de quando, nos
anos oitenta, ajudava por conta da CIA, Oliver North a fornecer armas aos
contras de Nicarágua e, nos anos noventa, sempre por conta da CIA, a treinar e
a armar o UCK, no Kosovo. Esta e outras companhias, entre as quais emerge a L-3
Communications, ocupam-se também das comunicações militares, construção de
bases, «fornecimento de segurança» e «interrogatórios a prisioneiros». Muitos
contractors provêm das forças especiais e dos serviços secretos; outros cumprem
funções de bodyguards, intérpretes e equipas de serviços logísticos. Todos
pertencem ao exército sombra privado, que apoia o exército oficial.
A estes junta-se o «exército humanitário» formado por todas as
«organizações não-governativas» que, dotadas de avultados meios, são usadas
pela CIA e pelo Departamento do Estado, para acções de destabilização interna
em nome da «defesa dos direitos dos cidadãos». Neste mesmo quadro insere-se a
acção do grupo Bilderberg – que o Magistrado italiano, Ferdinando Imposimato,
denuncia como «um dos responsáveis pela estratégia de tensão e de massacres» em
Itália – e a da Open Society do “investidor e filantropo, George Soros», artífice
das «revoluções coloridas».
A seguir:
Capítolo 7
A EUROPA SUL
FRENTE NUCLEAR
7.1 A Europa no rearmamento
nuclear do Prémio Nobel da Paz
Ler este capítulo e os precedentes em
Tradutora: Maria Luísa de
Vasconcellos
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