Os pontos principais do muito desprezado plano do
presidente dos EUA, Donald Trump para o Médio-Oriente, o chamado «acordo do
século», foram revelados ontem por um jornal de Israel publicado em
hebreu. O «Israel Hayom» publicou os pontos
principais da proposta de acordo do documento interno do ministério israelita
dos negócios estrangeiros.
Os pontos principais da proposta de acordo, construída
com a colaboração do genro de Trump, Jared Kushner – que tem muitos
investimentos em Israel e inclusive nos colonatos – foi proposta pela
administração Trump nos seguintes termos:
Será assinado um acordo tripartido entre Israel, a OLP e
o Hamas e um Estado Palestiniano será estabelecido, que se chamará «Nova
Palestina», cuja área ocupará a Margem Ocidental e
Gaza, com excepção dos colonatos. Israel iria gradualmente libertar os
prisioneiros palestinianos no decurso de três anos, segundo o acordo.
Os colonatos na Margem Ocidental ocupada, que
são ilegais segundo a lei internacional, iriam tornar-se parte de
Israel.
Jerusalém não seria dividida, mas seria partilhada entre Israel e a «Nova Palestina», com Israel mantendo o
controlo geral.
Os palestinianos vivendo em Jerusalém seriam cidadãos do
Estado da Palestina mas Israel continuaria como responsável do município e portanto da terra. O recém-formado Estado
palestiniano pagaria taxas à municipalidade israelita por forma a ser o
responsável pela educação, na cidade, dos palestinianos.
O status quo dos locais sacros irá permanecer e os judeus israelitas não serão autorizados a comprar
casas palestinianas e vice-versa.
Divisão de Jerusalém? Deixem o meu povo entrar! – Cartoon
[Sabaaneh/MiddleEastMonitor]
- O Egipto irá oferecer
terras ao novo Estado palestiniano, para construção de um aeroporto, de
fábricas e terrenos para agricultura, que servirão a faixa de Gaza. Os palestinianos não serão autorizados a residir
nestas terras.
- Uma auto-estrada seria
construída para ligar Gaza à Margem Ocidental, a 30 metros acima de
Israel. O financiamento do
projecto seria sobretudo da China, que pagaria 50 por cento do custo, com
a Coreia do Sul, a Austrália, o Canadá os EUA e a UE, cada um pagando 10
por cento.
Os garantes do acordo
Os EUA, os Estados do Golfo e a UE iriam financiar e ser
os garantes do acordo durante cinco anos para
instalar o Estado da «Nova Palestina», segundo o documento revelado.
Isto iria custar milhares de milhões de dólares por ano;
a maior parte dos quais – 70 por cento – seriam pagos pelos Estados do Golfo,
com os EUA contribuindo em 20 por cento e a UE em 10 por cento.
Quando o Mundo Árabe vende a Cidade Santa – Cartoon
[Sabaaneh/MiddleEastMonitor]
- A «Nova Palestina» não
seria autorizada a criar um exército mas poderia manter uma força de
polícia. Em compensação, um
acordo de defesa será assinado entre Israel e a «Nova Palestina», no qual
Israel iria defender o novo Estado de qualquer ataque estrangeiro.
- Ao assinar este acordo,
o Hamas irá entregar todas as suas armas ao Egipto. Os líderes do movimento iriam ser compensados e
salários iriam ser pagos pelos Estados Árabes, enquanto o governo
estivesse em instalação.
- Haveria eleições no
prazo de um ano, após a criação do
Estado da «Nova Palestina».
- Todos os postos de
fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egipto iriam permanecer abertos a
pessoas e mercadorias e os
palestinianos poderiam usar portos aéreos e marítimos de Israel.
- A “Nova Palestina” terá
dois postos de fronteira com a Jordânia, que estarão sob controlo das
autoridades da «Nova Palestina».
- O Vale do Jordão
permanecerá em mãos de Israel e uma
via de quatro faixas com portagens seria construída ao seu longo.
Que «senões»?
- Se o Hamas ou qualquer
entidade palestiniana recusa este acordo, os EUA irão cancelar todo o
apoio financeiro aos palestinianos e pressionarão os outros países a fazer o mesmo.
- Se, por outro lado, o
Presidente da Autoridade Palestiniana Mahmoud Abbas assinar o acordo mas
o Hamas e a Jihad Islâmica não concordarem com ele, uma guerra
seria lançada na Faixa de Gaza com pleno apoio dos EUA.
- No entanto, se
Israel recusar o acordo, os EUA iriam cessar o seu apoio financeiro. Os
EUA pagam, actualmente, 3,8 mil milhões de dólares por ano, para apoiar
Israel.
(Traduzido por Manuel Banet Baptista*, para o
Observatório da Guerra e Militarismo)
[*Nota do tradutor: Parece-me que neste plano é
demasiado evidente a preocupação de forçar o lado fraco a ceder e aceitar um
pseudo-Estado, um «bantustão», sem autonomia real. Além disso, numerosas
cláusulas anulam direitos do povo palestiniano, reconhecidos pela ONU. Pode ser
que esta «fuga» seja uma espécie de operação psicológica, condicionando a
opinião pública e futuros interlocutores, admitindo que venham a abrir-se
negociações.]
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