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What part will your country play in World War III?

By Larry Romanoff

The true origins of the two World Wars have been deleted from all our history books and replaced with mythology. Neither War was started (or desired) by Germany, but both at the instigation of a group of European Zionist Jews with the stated intent of the total destruction of Germany. The documentation is overwhelming and the evidence undeniable. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11)

That history is being repeated today in a mass grooming of the Western world’s people (especially Americans) in preparation for World War IIIwhich I believe is now imminent

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Monday, August 6, 2018

RECORDANDO HIROSHIMA -- O DIA ANTERIOR, ENQUANTO ESTAMOS A TEMPO

MANLIO DINUCCI



GUERRA NUCLEAR
O DIA ANTERIOR
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe





O DIA ANTERIOR, ENQUANTO ESTAMOS A TEMPO

9.1 A estratégia do Império Americano do Ocidente 

Um vasto arco de tensões e conflitos estende-se da Ásia Oriental à Ásia Central, do Médio Oriente à Europa, da África à America Latina. Os «pontos quentes» ao longo deste arco intercontinental – Península Coreana, Mar da China Meridional, Afeganistão, Síria, Iraque, Irão, Ucrânia, Líbia, Venezuela e outros – têm histórias e características geopolíticas diferentes, com factores específicos sócio-económicos internos, mas, ao mesmo tempo, estão ligados por um único factor: a estratégia com a qual os Estados Unidos da América procuram manter a sua posição de superpotência dominante.

Os Estados Unidos ainda são a primeira potência económica do mundo, sobretudo graças aos capitais e aos mecanismos com que dominam o mercado financeiros  global,às multinacionais com que exploram os recursos humanos e materiais de cada continente, à alta tecnologia e às patentes relacionadas na sua posse, ao papel penetrante dos seus grupos de multimedia que influenciam as opiniões e os gostos de biliões de utentes à escala planetária.  

Basta pensar que a NYSE, a principal Bolsa de Valores do mundo (conhecida como Wall Street), com sede em Nova York, incorporou a Euronext, em 2007, criando a NYSE-Euronext e esta, por sua vez, é comprada em 2013 pela Intercontinental Exchange, um grupo americano que gere outras 10 Bolsas prestigiosas, com um valor de acções que totaliza o dobro do produto interno bruto mundial. Basta pensar que a Apple, a multinacional americana número um do mundo no sector dos produtos informáticos, tem uma rede de mais de 800 fábricas em trinta países, com mais de um milhão e meio de operários e técnicos que produzem os componentes simples, os quais são enviados a 18 instalações de montagem final, de onde saem os produtos finais para serem distribuídos pela rede de vendas a escala global. Basta pensar que, entre os 10 grupos mediáticos mais destacados do mundo, nove são americanos. O grupo Time Warner é composto por mais de 300 sociedades, entre as quais a Warner Bros que produz filmes e telefilmes difundidos em todo o mundo, a CNN, cujo noticiário é transmitido vinte e quatro horas sobre vinte e quatro, em todo o mundo, a Time Inc. e outras casas editoras que publicam mais de cem revistas internacionais. A compra da Time Warner pela AT&T, a gigantesca empresa americana dos telefones móveis/celulares e da Internet, cria um grupo multimédia de dimensões ainda mais colossais.


Com estes e outros instrumentos, os Estados Unidos permanecem a principal potência económica do mundo. A sua supremacia é posta em perigo ao emergir novos elementos/personagens estatais e sociais. Salienta-se  a Cimeira do BRICS (Brasil, Rússia,Índa, China, África do Sul), ocorrida em 2017, em Xiamen, na China. Os BRICS exigem a revisão das quotas e, portanto, dos votos atribuídos a cada país, no interior do Fundo Monetário Internacional: os USA, por si, detêm mais do dobro dos votos totais  dos 24 países da América Latina (México incluído) e o G7 (EUA, Japão, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália e Canadá) detêm o triplo dos votos do grupo dos BRICS. Dando voz às «preocupações do BRICS sobre a injusta arquitectura económica e financeira global, que não tem em consideração o peso crescente das economias emergentes, o Presidente russo Putin sublinha a necessidade de «superar o domínio excessivodo número limitado das moedas de reserva». A referência ao dólar USA é clara, pois que constitui a moeda dominante nas moedas de reserva e no comércio mundial, em particular aquela com que se faz a avaliação do preço internacional do petróleo.

Porém, em 2016, o yuan chinês entra para fazer parte do cabaz de moedas de reserva do Fundo Monetário Internacional juntamente com o dólar, o euro, o yen e a libra esterlina. Um ano depois, a Venezuela começa a indicar o preço do petróleo, não em dólares mas em yuan chineses. É a resposta de Caracas às sanções emanadas em 2017, pela Administração Trump, mais duras do que as impostas em 2014, pela Administração Obama: elas impedem a Venezuela de sacar os dólares da venda do petróleo aos Estados Unidos, dólares utilizados para importar para a Venezuela bens de consumo como produtos alimentares e medicamentos. As sanções também impedem a compra e venda de títulos emitidos pela PDVSA, a companhia petrolífera estatal venezuelana. Washington tem em vista, desta maneira, um duplo objectivo: aumentar a penúria de bens de primeira necessidade na Venezuela e assim, o descontentamento popular, para fomentar a oposição interna, espalhada e sustentada pelos USA) para derrubar o governo bolivariano; manter o Estado venezuelano em default, impedindo-o de pagar as parcelas da dívida externa, ou seja, para levar à falência o Estado com as maiores reservas petrolíferas do mundo, quase dez vezes mais do que os Estados Unidos.

No mesmo período em que Caracas começa a quotizar o preço da venda do petróleo não em dólares USA mas em yuan chineses, espalha-se a notícia que Pequim tenciona lançar contratos ‘futuros’ de compra e venda de petróleo em yuan, convertíveis em ouro. «Se os novos contratos futuros seimpuserem, destruindo mesmo parcialmente o poder excessivo do petrodólar, seria um golpe enorme para a economia americana», comenta o Sole 24 Ore 

A ser submetido em discussão pela Russia, China e outros países não só o poder excessivo do petrodólar (moeda de reserva obtida pela venda do petróleo), mas a própria hegemonia do dólar. O seu valor é determinado, não pela capacidade real económica dos Estados Unidos, mas pelo facto de que ele constitui quase dois terços das reservas das moedas mundiais e a moeda com que se estabelece sobre o mercado mundial o preço do petróleo, do ouro, de outras matérias primas e, em geral, das mercadorias. Isso permite à Reserva Federal, ao Banco Central ( que é um Banco privado), imprimir milhares de biliões de dólares com o qual é financiado o colossal débito público USA – cerca de 23 triliões de dólares – através da aquisição de obrigações e de outros títulos emitidos pelo Tesouro. Nesse âmbito, a decisão venezuelana de retirar o preço do petróleo do dólar provoca um choque que, do epicentro sul americano, faz tremer todo o palácio imperial alicerçado no dólar. So o exemplo da Venezuela se espalhasse, se o dólar cessasse de ser a moeda dominante do comércio e das moedas das reservas internacionais, uma quantidade enorme de dólares entraria no mercado fazendo cair o valor da moeda americana.

Washington observa, sobretudo a parceria russo-chinesa com preocupação crescente: o intercâmbio entre os dois países está em forte crescimento: ao mesmo tempo, aumentam os acordos de cooperação russo-chineses no campo energético, agrícola, aeronáutico, espacial e no das infraestruturas. O fornecimento de gás russo à China , cerca de 38 biliões de metros cúbicos por ano, através do gasoduto Sila Sibiri, a partir de 2019, abre a exportação energética russa para Oriente, enquanto os Estados Unidos procuram bloqueá-la para Ocidente, para a Europa.

Na «guerra dos gasodutos» os Estados Unidos conseguiram bloquear o South Stream em 2014,  o gasoduto que, segundo um acordo entre os governos, deveria ter ligado a Rússia à Itália através do Mar Negro (em águas territoriais russas, búlgaras e turcas)e via terra, através da Bulgária, Sérvia, Hungria, Eslovénia e Itália até Tarvisio (Udine). Fazendo pressão, sobretudo, sobre a Bulgária, a Administração Obama, com a colaboração da União Europeia, conseguiu enterrar um projecto já começado de grande importância para a mesma União Europeia. Para contornar a Ucrânia, corredor sempre mais inseguro para os gasodutos russos, Moscovo procura vias alternativas com a duplicação do North Stream, através do Mar Báltico,  a realização do TurkStream através do Mar Negro, até à Turquia e com o seu prolongamento, o Poseidon, através da Grécia até Itália.

 No Médio Oriente, a «guerra dos gasodutos» ainda é mais explosiva enquanto se transpõe para a realidade. A intervenção militar russa na Síria, em 2015, em apoio às forças governamentais, derruba o destino do conflito. Os caça-bombardeiros russos destroem, uma após outra, as fortalezas do ISIS, abrindo caminho para as forças de Damasco. Os Estados Unidos, deslocados, jogam a carta da fragmentação da Síria, apoiando os independentistas curdos e outros. Moscovo usa ao mesmo tempo instrumentos económicos, estipulando em 2017, acordos com o Irão para a realização de infraestruturas ferroviárias e energéticas, entre as quais um gasoduto através do Irão e da Índia, fortemente oposto pelos EUA. Washington responde com um movimento previamente concordado com Israel: o Presidente Trump ataca violentamente o Irão, acusando-o de violar o espírito do «acordo» sobre a questão nuclear estipulado em Teerão, em 2015, com o Grupo 5 + 1 (USA, Grã-Bretanha, França, Alemanha, China e Rússia). Não obstante a própria Agência Internacional para a Energia Atómica garantir que o Irão está a cumprir o acordo e que não está a tentar fabricar armas nucleares, ao contrário do que o Presidente Trump afirma, a questão é reaberta artificialmente, originando um processo perigoso cujos resultados são imprevisíveis. O ataque de Washington é dirigido não só ao Irão, mas contra a Rússia, que está a reafirmar a sua presença no Médio Oriente.

«Moscovo – escreve o The New York Times - tenta, através da gigantesca companhia petrolífera estatal, Rosneft, ganhar influência em lugares onde os Estados Unidos tropeçaram. Os seus esforços são devidos também, à necessidade, pois que as sanções americanas e europeias forçaram a Rosneft a encontrar novos parceiros e investimentos noutros lugares, em áreas turbulentas onde os interesses americanos estão em risco. A aposta maior para a Rosneft é a Venezuela. Em três anos, a Rússia e a Venezuela forneceram a Caracas, assistência financeira num total de 10 biliões de dólares, ajudando a Venezuela a evitar o default, sob um peso de um débito de 150 biliões de dólares. A Rússia está a usar cada vez mais o petróleo como instrumento, a espalhar a sua influência no mundo e a desafiar os interesses dos EUA».

Um desafio crescente aos interesses dos Estados Unidos chega, em simultâneo, da China. Como renda nacional bruta, a China subiu ao segundo lugar mundial, depois dos Estados Unidos e regista taxas de crescimento económico superiores às dos Estados Unidos. A sua agricultura que assegura os requisitos internos, está no primeiro lugar do mundo em muitas produções (entre as quais, o arroz, o trigo e o algodão. A sua indústria, que constitui o sector económico condutor, é muito desenvolvida e diversificada: desde as actividades extractivas (cobalto, alumínio, ouro, carvão fóssil, do qual o país é o primeiro produtor mundial) às manufacturas de todos os tipos. Os seus serviços vão desde o sector financeiro às telecomunicações e transportes (a China tem mais de 20.000 km de linhas férreas de alta velocidade, mais do que todos os outros países do mundo juntos). O seu nível tecnológico aumenta em todos os campos, compreendendo o sector espacial. De mais de 2.800 universidades chinesas, em que são graduados 7 milhões de estudantes por ano, saem todos os anos, 600 mil engenheiros.

A China - «a fábrica do mundo» na qual investem e produzem também muitos grupos americanos gigantescos  (como a Apple) – é o primeiro exportador mundial de mercadorias, seguida pelos Estados Unidos, Alemanha e Japão. Símbolo eloquente desse crescimento é o porto de Ningpo, no primeiro lugar do mundo com cerca de um bilião de toneladas de mercadorias. À sua volta, a China efectua investimentos crescentes no estrangeiro. Os seus grupos económicos mais importantes (em geral, estatais, com participação estatal ou ainda orientados por políticas estatais) efectuam investimentos crescentes, quer nos Estados Unidos e na União Europeia, quer em África, Ásia e América Latina. Aí, as sociedades chinesas estão particularmente empenhadas na realização de infraestruturas (caminhos de ferro, estradas, pontes,túneis, canais, oleodutos e gasodutos): em África construiram, através de contratos com os governos locais, cerca de 6.000 km de linhas férreas e estradas pavimentadas.

O projecto mais ambicioso, lançado pela China, em 2013 e partilhado com a Rússia, é o da nova Rota da Seda: uma rede de estradas e caminhos de ferro que liguem a China à Europa, através da Ásia Central e Ocidental, e através da Rússia, grosso modo, ao longo da antiga Rota da Seda. O projecto, já em fase de realização, prevê, unida à terrestre, uma via marítima através do Oceano Índico, do Mar Vermelho e do Mediterrâneo. Para a infraestrutura rodoviária e ferroviária, que deverá atravessar e ligar 60 países, prevêem-se investimentos superiores a 1 trilião de dólares.O projecto, que não inclui componentes militares, não é simplesmente económico. Se fosse realizado segundo a ideia original, remodelaria a arquitectura geopolítica de toda a Eurásia, criando sobre a base de conveniências recíprocas, uma nova rede de relações económicas e políticas entre os Estados do continente.

«O Presidente da China, Xi Jinping – escreve o The New York Times  tenciona usar a riqueza e o know-how industrial da China para criar um novo tipo de globalização que abandone as regras das instituições envelhecidas dominadas pelo Ocidente. O objectivo é remodelar a ordem económica mundial». 

Tal sistema cria no mundo uma polarização crescente entre a riqueza e a pobreza. Um estudo indica que 86% da riqueza global (em termos de dinheiro e propriedade) está concentrado nas mãos de 8% da população adulta mundial. Os restantes 92% possuem, apenas, 14% da riqueza global. Excluído o extracto intermédio, a situação pior é a do extracto inferior, composta por 3 biliões e meio de pessoas, que representam quase 3/4 (três quartos) da população adulta mundial: globalmente menos de 2,5% da riqueza global. A faixa mais pobre não possui nada ou quase nada. Mais de dois biliões de pessoas em África, Ásia e América Latina, sobretudo nas zonas rurais, vivem na pobreza ou em condições de gravíssimas restrições económicas. Entre estas, cerca de um bilião encontram-se em pobreza extrema, ou seja, numa condição social caracterizada pela desnutrição crónica, situação de habitação e de higiene desastrosa, alta incidência de doenças infecciosas e parasitárias, grande mortalidade, sobretudo infantil, duração média de vida reduzida, analfabetismo, falta de poder de decisão, dependência, marginalização, vulnerabilidade e insegurança constante. Das aldeias da África sub-shariana até aos ‘bidonville’ asiáticos e latino-americanos, os pobres vivem o mesmo drama, provocado pelas mesmas causas de fundo.

Basta pensar no facto de que, enquanto é produzida no mundo uma quantidade de alimentos que seria suficiente para assegurar um bom nível nutritivo a cada habitante da Terra, sofrem de fome (ou seja, são afectadas de subalimentação crónica) cerca de 800 milhões de pessoas – um número equivalente à população de 13 países da dimensão da Itália – e cerca de 2 biliões de pessoas são afectadas pela má nutrição, devido à carência de ferro e vitaminas na alimentação. Como consequência da subalimentação e da má nutrição, morrem todos os anos milhões de pessoas entre as quais três milhões de crianças de idade inferior a cinco anos. A causa fundamental da fome é a pobreza originada pelos mecanismos económicos que prejudicam os pequenos agricultores. Nos países em que grande parte da população é subalimentada, vastas extensões de terra fértil são reservadas, não ao cultivo destinado à alimentação interna, mas ao cultivo para exportação, produzido em grande parte por pequenos agricultores, que obtêm uma renda muito baixa, visto que as redes comerciais são controladas por um oligopólio de multinacionais. O problema da fome é agravado pelo aumento dos preços dos géneros alimentares, devido em grande parte ao facto de que na Bolsa de mercadorias os operadores financeiros compram e vendem através de contratos futuros quantidades enormes de produtos alimentares, ganhando se o preço aumenta em relação ao concordado aquando a estipulação do contrato.

Esta é a ordem económica mundial que os Estados Unidos procuram por todos os meios conservar e controlar. Não tendo a força económica para fazê-lo, lançam sobre o prato da balança a espada da sua força militar e pressão política. O objectivo político perseguido por Washington é claro: afastar do caminho qualquer Estado ou movimento político/social que possa prejudicar os interesses fundamentais políticos, económicos e militares dos Estados Unidos da América, colocando em risco a sua supremacia. Nesta estratégia, são acompanhados pelas potências europeias da NATO e outras,como Israel e Japão, as quais, apesar de ter contrastes de interesses com os USA, alinham-se sob a liderança dos Estados Unidos, quando se trata de defender a ordem económica e política dominada pelo Ocidente.

Confirma-o a ‘psyop’ lançada pelos dispositivos político-mediáticos de todo o Ocidente contra a Síria. Depois de, durante cinco anos ter procurado derrubar o Estado Sírio, esmagando-o a partir do interior, com grupos terroristas armados e infiltrados do exterior e provocando mais de 250.000 mortos, no momento em que as operações estão a fracassar devido à intervenção russa de ajuda às forças sírias que apoiam o governo, lança-se a operação psicológica para fazer parecer como agressor, o Governo e todos os sírios que resistem à agressão. O objectivo da psyop é a demonização do Presidente Assad (como foi feito a Milosevic e Gadddafi), apresentado-o como um ditador sádico que goza a bombardear hospitais e a exterminar crianças, com a ajuda do amigo Putin, retratado como o novo Czar do império russo renascido.

A pressão militar USA no Mar da China Meridional e na Península Coreana, dirigida contra a China, a guerra USA/NATO no Afeganistão, Médio Oriente e África, o empurrão USA/NATO na Ucrânia e o consequente confronto com a Rússia, caem na mesma estratégia de contraste à parceria russo-chinesa e à sua tentativa de remodelar a ordem económica e política global. Na mesma estratégia está o plano de minar os BRICS a partir de dentro, elevando a direita ao poder em Brasília e em toda a América Latina. É confirmado pelo comandante do US Southern Command, cuja área de operações compreende a América do Centro e Sul: numa audiência no Senado acusa a Rússia e a China de exercer uma «influência maligna» na América Latina, para também fazer avançar aí «a sua visão de uma ordem internacional alternativa».

Num memorando transmitido em Outubro de 2017 às Forças Armadas dos Estados Unidos, o Secretário da Defesa, Jim Mattis, faz uma verdadeira declaração de guerra: «Somos um Departamento em guerra. Devemos estar preparados para enfrentar uma situação de segurança global cada vez mais complexa, caracterizada por um declínio acelerado da gestão da ordem internacional baseada em regras. A Rússia violou as fronteiras das nações vizinhas e quer ter poder de veto sobre as decisões económicas, diplomáticas e de segurança dos seus vizinhos. A China é um adversário estratégico a longo prazo, que atemoriza os seus vizinhos enquanto aumenta as tensões no mar da China Meridional. Para a segurança e a estabilidade global, é necessário que as nossas Forças Armadas permaneçam a força de combate mais potente do mundo. Devemos dar prioridade a um dissuasor nuclear seguro e fiável, colocar em campo uma força convencional decisiva e manter uma capacidade fundamental de conduzir uma guerra não-convencional». No final da proclamação, antes da assinatura, o Chefe do Pentágono escreve à mão, em letras maiúsculas, «CHARGE!» («CARREGAR!»).


9.2  O sistema bélico planetário dos Estados Unidos da América     

Na «geografia do Pentágono», o mundo está dividido em «áreas de responsabilidade», cada uma confiada a um dos seis Comandos Combatentes Unificados dos Estados Unidos: O Comando Norte, cobre a América do Norte; o Comando Sul, o Centro e a América do Sul; o Comando Europeu, a região que compreende a Europa e toda a Rússia; o Comando África, o continente africano (salvo o Egipto, que se agrupa no Comando Central); o Comando Central, o Mediterrâneo e a Ásia Central; o Comando Pacífico, a região da Ásia/Pacífico.


Cada um dos Comandos Combatentes Unificados é composto por comandos de diversos componentes das Forças Armadas USA, naquela área. Por exemplo, o Comando Europeu dos Estados Unidos é formado por: Exército USA na Europa, Forças Aéreas USA na Europa, Forças Navais USA na Europa, Forças Marines USA na Europa, Comando de Operações Especiais USA na Europa. O comando de cada força está articulado, por sua vez, numa série de sub-comandos e unidades. Por exemplo, o Exército USA, na Europa, tem 22.

Aos seis comandos geográficos juntam-se-lhes  comandos três operativos à escala global: o Comando Estratégico, responsável pelas forças nucleares terrestres, aéreas e navais, das operações militares no espaço e espaço cibernético, do ataque global, da guerra electrónica e da defesa dos mísseis; o Comando para as Operações Especiais, com um comando específico em cada uma das seis áreas mais um na Coreia, responsável pela guerra não-convencional, pelas operações contra revoluções, pela operações psicológicas e por quaisquer outras missões ordenadas pelo Presidente ou pelo Secretário da Defesa; o Comando para o Transporte, responsável pela mobilidade dos soldados e armamentos por terra, ar e mar, a nível mundial.

Os Estados Unidos da América são o único país a ter uma presença militar à escala global, em cada continente e região do mundo. O Pentágono é directamente proprietário de 4.800 bases e outras instalações militares, quer nos USA, quer no estrangeiro, compreendendo 560.000 edifícios e estruturas (tipo estruturas ferroviárias, oleodutos e pistas de aeroportos). Segundo os dados oficiais do Pentágono, os Estados Unidos têm cerca de 800 bases e outras instalações militares em mais de 70 países, sobretudo em volta da Rússia e da China, muitas mais em uso ou secretas. Essas bases servem para uma rotação contínua de forças, que são aumentadas rapidamente com as transferidas das bases dos Estados Unidos, para concentrá-las em determinados teatros bélicos. Os países em que são distribuídas tropas americanas, compreendendo aqueles que não têm bases militares, são mais de 170. Entremilitares, empregados civis e familiares, o Pentágono mantém permanentemente no estrangeiro cerca de meio milhão de cidadãos americanos.

Como termos de comparação, a Rússia tem apenas 9 bases militares no estrangeiro, nas suas antigas repúblicas soviéticas; a China tem uma em Djibouti, onde  fazem escala os seus navios militares e civis. Compreendendo 13 bases britânicas e francesas e algumas mais, todos os outros países do mundo têm na totalidade 30 bases no estrangeiro em comparação com as 800 bases americanas 

Como número de militares em serviços activo (1,3 milhões, sempre a aumentar) os Estados Unidos são o terceiro lugar mundial depois da China (2,2 milhões) e da Índia (1,4 milhões). Mas, tendo os USA uma população equivalente a cerca de um quarto da China ou da Índia, o número dos seus militares em relação ao dos habitantes é superior. Comparado com a Rússia, que tem pouco mais de 800 mil militares em serviço activo, os Estados Unidos têm uma nítida superioridade numérica.

Comparado com outras grandes potências, os Estados Unidos são superiores não só como forças nucleares, mas, em geral, como tipo de armamentos e forças de deslocação e ataque rápido. Têm cerca de 2.200 caça-bombardeiros, entre os quais 1.400 da U.S. Air Force, todos da quarta e quinta geração. Em relação aos 850 da Rússia e 500 da China (quase todos da quarta geração). Têm também cerca de 160 bombardeiros pesados, 700 drones e 800 helicópteros de ataque.

Os USA têm em 2017, 275 navios de superfície e submarinos - mais do que qualquer outro país e que a Administração Trump quer aumentar para 350. Sobretudo, têm unidades navais adaptadas para projecções de forças militares em teatros bélicos distantes, para ataque de objectivos terrestres e para desembarque em território inimigo. Mais de 68 submarinos armados de mísseis, têm 10 porta-aviões enormes, que a Administração Trump quer aumentar para 12. Para ter uma ideia  da relação de forças, basta pensar que, no mundo, em 2017, há 18 porta-aviões, dos quais 10 pertencem aos Estados Unidos, 2 à Itália e 1 respectivamente à China, Rússia, França, Índia, Espanha e Tailândia. Cada um dos porta-aviões americanos de propulsão nuclear, com 330 metros de comprimento, têm a bordo 75 caça-bombardeiros e uma equipagem de 5.000 homens.

Os Estados Unidos têm também 31 navios anfíbios de assalto poderosos, num total de 45 existentes à escala mundial, dos quais 6 pertencem à Grã-Bretanha, 4 à China, 1 à Índia. Os navios americanos de assalto anfíbio têm uma ponte de voo, com 250 metros de comprimento e 30 de largura, do qual partem 30 helicópteros de ataque e caças de descolagem vertical; têm embarcações de desembarque enormes sobre almofadas de ar, cada um capaz de transportar à velocidade superior a 30 nós, acima da costa, tropas e cargas de 60 toneladas. Uma única nave de assalto anfíbio pode desembarcar 2 mil marines, dotados de helicóptero e aviões de descolagem vertical, artilharia de grande calibre e tanques.

Esta máquina bélica, a mais potente jamais vista na História, requer uma despesa militar de longe superior ao gasto de todos os outros países. O orçamento do Pentágono para o ano fiscal de 2018 sobe a 700 biliões de dólares, mais de quanto gastam os outros nove países que figuram na lista dos dez com as maiores despesas militares do mundo: China, Arábia Saudita, Rússia, Grã-Bretanha, Índia, França, Japão, Alemanha e Coreia do Sul.

Para a aprovação do orçamento do Pentágono é decisivo o voto por unanimidade, da Comissão dos Serviços Armados, formada por 14 senadores republicanos e 13 democratas. A Comissão sublinha que «os Estados Unidos devem reforçar a dissuasão da agressão russa: a Rússia continua a ocupar a Crimeia, a criar instabilidade na Ucrânia, a minar os nossos aliados NATO, a violar o Tratado INF de 1987 sobre as forças nucleares de raio intermédio e a apoiar o regime de Assad na Síria». Acusa, também a Rússia de conduzir «um ataque sem precedentes aos nossos interesses e valores fundamentais», em particular, através de «uma campanha decidida a minar a democracia americana». Com tais motivações a coligação dos dois partidos justifica o reforço de toda a máquina bélica americana.

Para o orçamento do Pentágono referente a 2018, o Congresso autoriza 60 biliões a mais do que o que foi pedido pela Administração Trump. Adicionando outros orçamentos de carácter militar, entre os quais o do Departamento para os Assuntos dos Veteranos (que se ocupa dos militares na reserva) e o das armas nucleares, inscrito no Departamento da Energia – as despesas militares totais dos Estados Unidos montam a cerca de 1 trilião de dólares, ou seja, um quarto do orçamento federal.

Estes são alguns dos elementos das despesas abrangidas pelo orçamento do Pentágono no ano fiscal de 2018: 10.6 biliões de dólares para comprar 94 caças F-35, 24 mais do que a quantidade requisitada pela Administração Trump; 17 biliões de dólares para o «escudo anti-míssil» e para as actividades militares espaciais, 1,5 a mais do que a verba requerida pela mesma Administração; 25 biliões para construir 13 navios de guerra, mais 5 do que os propostos pela Administração Trump.

Dos 700 biliões do orçamento de 2018, 640 são destinados, principalmente,  à manutenção e às actividades das Forças Armadas, à compra de novos armamentos e aos salários do pessoal militar, que são aumentados, elevando o custo anual a mais de 145 biliões; 60 biliões são designados para as operações bélicas na Síria, Iraque, Afeganistão e noutras regiões. Também são disponibilizados 1,8 biliões de dólares para treino e equipamento de formações armadas sob comando USA, na Síria e no Iraque, e 4,9 biliões de dólares para o «Fundo das Forças de Segurança Afegãs». Para a «Iniciativa de Segurança da Europa», lançada em 2014, pela Administração Obama depois da «agressão de vingança russa na Ucrânia», são concedidos em 2018, 4,6 biliões: eles servem para aumentar a presença das forças couraçadas americanas e o «pré-posicionamento estratégico» de armamentos USA na Europa.Também são fornecidos 500 milhões de dólares para fornecer «assistência letal» (ou seja, armamentos) à Ucrânia.

O orçamento do Pentágono, dispondo de 125 biliões de dólares por ano (a verba de 2018 em aumento contínuo)para a compra de armamentos e 85 biliões (esta quantia também sempre em aumento continuado) para a pesquisa e desenvolvimento de novos armamentos, alimenta a indústria bélica mais poderosa do mundo. Entre os dez maiores produtores mundiais de armamentos  (com base na facturação de 2016), seis são americanos: Lockheed Martin, Boeing, Raytheon Company, Northrop Grumman, General Dynamics, L3 Tecnologies. Os outros são a firma britânica BAE Systems, a franco-holandesa Airbus, a francesa Thales e a italiana Leonardo (antes Finmeccanica), na nona posição.

Em primeiro lugar no mundo, está a firma americana Lockheed Martin, produtora de armamentos aeroespaciais e missilísticos, robótica militar e armas de energia dirigida: tem um quadro de pessoal de 97.000 indivíduos, entre eles 49.000 engenheiros, cientistas e profissionais de tecnologias de informação; uma rede de mais de 16.000 fornecedores nos USA e 1.500 em 65 países; uma facturação em aumento contínuo (em 2016 mais de 47 biliões de dólares, dos quais 73% de vendas nos USA e 27% de vendas ao estrangeiro; uma cotação na bolsa em forte crescimento, com um rendimento que aumentou 84% no período 2014-2016).

Um dos programas de ponta da Lockheed Martin é o do F-35 Lightening II, definido como «o caça mais avançado multifunções do mundo, que fornece às forças armadas capacidades incomparáveis». Produzem-se três modelos: de descolagem e aterragem convencional (A), de descolagem e aterragem vertical (B) e uma variante para porta-aviões (C). Para a sua produção e aquisição participam oito ‘partner = parceiros’ estrangeiros: Austrália, Canadá, Dinamarca, Grã-Bretanha, Itália, Noruega, Holanda e Turquia. Outros compradores, em 2017, são: Israel, Japão e Coreia do Sul. Nos Estados Unidos a rede produtora compreende mais de 1.400 empresas em 46 estados e em Puerto Rico, que produzem milhares de componentes dos caças. O custo doprograma está em crescimento contínuo: em 2017 estima-se que para produzir 2.456 caças F-35 nas três versões, são precisos 400 biliões de dólares, a que se adicionam 1.100 biliões de custos operacionais em 20 anos, elevando o total a 1,5 triliões de dólares. Haverá também compras, ainda não quantificáveis, para as actualizações contínuas a realizar no decorrer dos anos, aos caças e aos seus armamentos. Isso torna o F-35 no mais custoso sistema de armas da História.

A Lockheed Martin e outras indústria bélicas de vanguarda, em competição azeda umas com as outras para agarrar os contratos chorudos do Pentágono (em 2016 mais de 2.400, abrangendo 230 biliões de dólares), não são apenas empresas produtoras de armamentos. Elas estão intimamente integradas no Pentágono, e com diversos sectores das Forças Armadas e nos Serviços Secretos, na classe política republicana e democrática, quer em Washington, quer em cada um dos 50 Estados. O Pentágono tem, em geral, um departamento com pessoal próprio, no interior das indústrias bélicas mais importantes. Estes, por sua vez, fornecem executivos para o Pentágono, para posições de responsabilidade no sector de Defesa. Ao mesmo tempo, muitas altas patentes das Forças Armadas, logo que vão para a reserva, entram nos conselhos das administrações das indústrias bélicas. As indústrias bélicas mais importantes, tendo instalações próprias e milhares de empresas subcontratadas em todo o território nacional, também podem influenciar a escolha dos parlamentares e dos governadores em qualquer Estado e a escolha dos representantes no Congresso e no Senado. Também é fortíssima a influência  das indústria bélicas nos sectores da ciência e da tecnologia: estima-se que cerca de 30 % dos pesquisadores e dos engenheiros estejam, de várias maneiras, ligados ao sector militar.

Esta trama extensa e profunda de interesses forma o complexo militar-industrial americano, cujos lucros e poderes aumentam na medida em que aumentam as tensões e as guerras. Confirma-o o facto de que, enquanto os seus lucros eram diminutos, depois do fim da Guerra Fria, cresceram fortemente após o 11 de Setembro. O complexo militar-industrial influi em todos os níveis, desde a Casa Branca aos simples Estados, sobre as escolhas políticas que conduzem à guerra, escolhas que, na realidade, são feitas por grupos restritos representativos dos poderes máximos (económico-financeiros, políticos, militares), verdadeiras cúpulas acima das instituições, que se reúnem informal e secretamente para discutir e decidir a estratégia. Através das suas ligações estreitas com a Comunidade dos Serviços Secretos (Inteligência), o complexo militar-industrial tem na mão todos os instrumentos para provocar tensões internacionais e consequentes intervenções militares, com o apoio das grandes cadeias de comunicação social mediática e da consequente maioria da opinião pública interna e internacional. Em poucas palavras, o complexo militar-industrial é um organismo tentacular que, para viver e desenvolver-se, tem necessidade de usar como oxigénio, a guerra. E visto que a força militar é necessária aos grandes grupos financeiros e às multinacionais para manter a sua supremacia no mundo, não é só o complexo militar-industrial, mas todo o sistema económico e financeiro dominante, no qual se baseiam os Estados Unidos da América, a ter necessidade da guerra e, em última análise, também da guerra nuclear.

Os Cientistas Atómicos Americanos confirmam qual é o resultado: O ponteiro do «Relógio do Apocalipse», o relógio simbólico que, no seu Boletim, indica a quantos minutos estamos da Meia Noite da Guerra nuclear, avançou um pouco mais: de 3 minutos para a meia noite, em 2015 foi para 2,5 minutos da meia noite em 2017: Um nível de alarme mais alto do que o da metade dos anos Oitenta, no cúmulo da tensão entre os USA e a URSS.

9.3  A atracagem da Itália à máquina de guerra  USA/NATO 

Para empreender qualquer iniciativa real, em Itália, contra a ameaça crescente da guerra nuclear, é necessário, em primeiro lugar, ser conhecedor do que o Primeiro Ministro Gentiloni define (quando, em 2017 é recebido pelo Presidente Trump) como «o atracamento histórico» da Itália aos Estados Unidos, «pilar da nossa política extena». A atracagem da Itália aos Estados Unidos, fundamentalmente através da NATO, sob comando USA, implica não só a  a concessão do nosso território nacional como base avançada das armas nucleares americanas e da projecção de forças americanas para o Sul e para Leste, mas também uma remodelação contínua da política militar e das Forças Armadas Italianas, de acordo com as exigências da estratégia americana.

Desde o «Novo Modelo de Defesa», adoptado em 1991, de acordo com a nova orientação estratégica USA depois da primeira Guerra do Golfo, chega-se ao «Livro Branco para a Segurança Internacional e Defesa»  elaborado pela Ministra da Defesa, Roberta Pinotti e institucionalizado em 2017, com um desenho especial da lei, que adequa mais a política militar e a estrutura das Forças Armadas Italianas à estratégia atavés da qual os Estados Unidos procuram manter o seu predomínio num mundo em mudança.

O Livro Branco atribui às Forças Armadas Italianas, quatro missões, que deturpam completamente a Constituição. A defesa da Pátria, estabelecida no Artº 52, é reformulada, na primeira missão, como defesa dos «interesses vitais do País». Daí a segunda missão: baseando-se no «contributo para a defesa colectiva da Aliança Atlântica e para a manutenção da estabilidade nas áreas incidentes no mar Mediterrâneo, a fim de proteger os interesses vitais ou estratégicos do país». O repúdio da guerra como instrumento de ofensa à liberdade dos outros povos e como meio de resolução das controvérsias internacionais, estabelecido no Artigo 11, é substituído na terceira missão pela «gestão das crises fora das áreas de intervenção prioritária», com o fim proclamado de «garantir a paz e a legalidade internacionais».

Deste modo, o Livro Branco vem demolir os pilares constitucionais da República Italiana, que é reconfigurada como uma potência que se arroga o direito de intervir militarmente nas áreas que contornam o Mediterrâneo – Norte da África, Médio Oriente e Balcãs – para apoio dos seus interesses económicos e estratégicos, e em qualquer parte do mundo onde estejam em jogo os interesses do Ocidente, representados pela NATO sob comando USA. Prático e cómodo para tudo isto, é a Lei do Enquadramento, que entrou em vigor em 2016, que institucionaliza as missões militares no estrangeiro (em 2017, foram realizadas 30 missões em 20 países), constituindo, para o seu funcionamento, um fundo específico no Ministério da Economia e das Finanças.

Finalmente, como quarta missão, confiam-se às Forças Armadas, a «salvaguarda das instituições livres», com «deveres específicos em casos de necessidade e urgência extraordinárias». As mesmas são compostas por profissionais da guerra, capazes de usar as novas tecnologias e de combater em países longínquos nas condições ambientais mais diversas. «Temos necessidade de soldados jovens – explica a Ministra Pinotti – a chave está em alistar indivíduos de 19-20 anos, oferecer-lhes um pacote informativo importante para sete anos das suas vidas, ensinando-lhes línguas e profissionalidade. Se se encontrarem no mercado de trabalho aos 26-27 anos não será difícil encontrar outra ocupação, porque também nos empenhamos em construir novas oportunidades de trabalho nas actividades legislativas». Numa situação de desocupação e precariedade, oferece-se assim aos jovens, o modo de ganhar e ter uma colocação segura: a guerra. E aos profissionais da guerra, às ordens do Pentágono italiano,também é assegurada a «salvaguarda das instituições livres» com «tarefas específicas em caso de necessidade e urgência extraordinária», fórmula vaga que se presta a medidas autoritárias e a estratégias subversivas.

No âmbito da «revisão do modelo operacional das Forças Armadas», institucionalizada pelo Livro Branco, está inserida a decisão de reunir as cúpulas de todas a Forças Armadas numa única estrutura, segundo o modelo operacional do Pentágono americano. O «Pentágono italiano», anuncia a Ministra Pinotti, em 2017, irá surgir na zona do aeroporto de Centocelle, em Roma, onde há espaço para construir outros edifícios e infraestruturas  (sem se preocupar com o impaco ambiental no parque arqueológico e na sua área verde). Para a sua construção foi efectuada uma primeira atribuição de 2,6 biliões de euro, desviados da Lei da Estabilidade,  sob o título "Habitação pública, incluindo educação". Em Centocelle, donde foi transferida a Direcção Geral dos Armamentos com o pessoal, totalizando 1.500 pessoas, onde já está o comando operacional das cúpulas de todas as forças, em 2017, através do qual o Chefe do Estado Maior da Defesa, comanda todas as operações das Forças Armadas.

O Livro Branco aumenta imenso os poderes do Chefe do Estado Maior da Defesa, também do ponto de vista técnico-administrativo e, ao mesmo tempo, abre as portas das Forças Armadas aos «dirigentes provenientes do sector privado» que possam exercer as funções de Secretário Geral, responsável pela área tecnico-administrativa da Defesa, e do Director nacional dos armamentos. Tarefas-chave  que permitem aos grupos poderosos da indústria bélica de entrar com funções dirigentes no Ministério da Defesa e de conduzir as escolhas segundo os seus interesses ligados à guerra. A centralização da Direcção Geral dos armamentos e das cúpulas das Forças Armadas numa única citadela, o «Pentágono Italiano» facilita, por trás dos altos muros do sigilo militar, o entrelaçamento subterrâneo de interesses e poderes segundo o modelo do complexo militar-industrial dos EUA.

A indústria militar é definida no Livro Branco  como sendo o «pilar do Sistema do País», visto que «contribui, através da exportação, para o equilíbrio da balança comercial e para a promoção dos produtos da indústria nacional nos sectores de alta remuneração». Não faltam resultados: a Leonardo (antes Finmeccanica) – a maior indústria militar italiana, de quem o Ministério da Economia e Finanças é o principal accionista com uma quota de 30% - coloca-se no nono lugar do ranking mundial, na classificação de 2017 das cem maiores indústrias bélicas, com vendas anuais de cerca de 9 biliões de dólares de armamentos, em 2016. Sobretudo, graças à venda ao Kuwait, em 2016, de 28 caças Eurofighter Typhoon de nova geração, construídos pelo consórcio de quem faz parte a Leonardo, juntamente com indústrias da Grã-Bretanha, Alemanha e Espanha. Um contrato de 8 biliões de euros, o maior jamais assinado pela Finmeccanica, em cujos cofres entra cerca de metade dessa quantia. Os Eurofighter Typhoon, que o Kuwait usa para matar civis no Yemen, na guerra conduzida pela coligação com orientação saudita, também podem ser armados com bombas nucleares que, provavelmente, já estão na posse da Arábia Saudita. O treino da equipagem é fornecido pela Aeronáutica Italiana.

Prosperam assim, os negócios da Leonardo que, em 2016, obtêm 84% da sua facturação através da venda de armas. Para apoiar cada vez mais a produção militar, foram vendidas por cerca de 900 milhões de euro aos japoneses da Hitachi duas fábricas da Finmeccanica, a Ansaldo Sts e a Ansaldo Breda, empresas lideres mundiais na produção ferroviária.

A Leonardo – que se autodefine «empresa global de alta tecnologia nos sectores Aeroespacial, Defesa e Segurança, com mais de 45.600 funcionários, presente com escritórios e instalações industriais em 180 locais em todo o mundo» - tem uma presença industrial particularmente relevante, além da Itália, nos Estados Unidos, na Grã Bretanmha e na Polónia. Deste modo, está integrada estreitamente no complexo militar-industrial americano e com as suas principais fortalezas na Europa. Nos Estados Unidos, a Leonardo fornece produtos e serviços não só às Forças Armadas  e às empresas da Defesa, mas também às agências de serviços secretos.

Ao mesmo tempo, en Itália, a Leonardo gere as instaslaçõs FACO di Cameri (Novara), na qual são montados os caças F-35 da empresa americana Lockheed Martin destinados à Força Aérea e à Marinha Italiana e partes dos mesmos encomendadas pela Holanda. As empresas em Foggia e Nola, fabricam as partes complexas e metálicas da caixa da asa, da qual a Leonardo é a segunda produtora também para as Forças Armadas americanas. Numa segunda fase, Cameri tornar-se-á o centro de apoio para os F-35, instalados em toda a área europeia e mediterrânica.

A adesão da Itália ao programa F-35, como um parceiro de segunda categoria, fortalece a atracagem aos Estados Unidos, integrando ainda mais o complexo industrial militar italiano no gigantesco complexo militar industrial americano. Portanto, a decisão  de participar no programa F-35 é uma escolha política, feita com base no bipartidarismo. Depois da assinatura do primeiro memorando do acordo, por parte do Governo D’Alema, em 1998, é o Governo Berlusconi a assinar, em 2002, o acordo que faz entrar a Itália no programa, como parceira de segunda categoria. Em 2007, o Governo Prodi aperfeiçoa o acordo e sugere a compra de 131 caças. Em 2009, o Governo Berlusconi delibera sobre a aquisição. Em 2012, o Governo Monti «reajusta» o número de caças, de 131 para 90, para demonstar que, perante uma crise, todos devem ‘apertar o cinto’. Em 2013, o Governo Letta e, em 2014, o Governo Renzi confirmam o empenho da Itália no programa F-35.

O custo real dos 90 caças F-35 é, em 2017, ainda mais inquantificável. É certo que, pelo menos, supera os 10 biliões de euro, a que se juntam os custos (também inquantificáves) das actualizações contínuas, acrescidas das operacionais. Como termo de comparação, cada um dos 96 caças Eurofighter Typhoon das Forças Aéreas Italianas custa mais de 100 milhões de euro e, cada hora de voo custa cerca de 40.000 euro, o equivalente ao salário anual de um trabalhador. Custos que saem dos cofres públicos, aumentando uma despesa militar que, no ano de 2017, sob para cerca de 70 milhões de euro por dia, destinadas a chegar aos 100 milhões de euro/dia, como foi requerido pela NATO.

Como reconhecimento da sua função, a Itália é o primeiro país a receber, depois dos USA, o novo caça da quinta geração: o primeiro F-35 chega à base de Amendola (Foggia), em 12 de Dezembro de 2016. Dá início à instalação em Itália, dos novos caças americanos projectados para usar a nova bomba nuclear americana B61-12. Os pilotos italianos e europeus são treinados para pilotar os caças F-35 em três centros nos EUA:na base da U.S. Air Force de Eglin, na Florida e Luke no Arizona, e na dos Marines em Beaufort, na Carolina do Sul. O orçamento do Pentágono para 2018, traz rumores de despesas menores, mas não menos importantes; estabelece 27 milhões de dólares para a base de Aviano, para obras de ampliação, devido à instalação dos F-35 e das bombas nucleares B61-12.

No orçamento do Pentágono para 2018, estão também atribuídos 65 milhões de dólares para o programa de pesquisa e desenvolvimento de um «novo míssil com base em terra, de raio intermédio, para começar a reduzir a lacuna de capacidade provocada pela violação russa do Tratado INF». Por outras palavras, os Estados Unidos têm um programa para instalar na Europa, mísseis nucleares análogos aos Pershing II e aos mísseis de cruzeiro dos anos oitenta, estes últimos também instalados em Itália, em Comiso.


9.4  A desatracagem da Itália da máquina de guerra USA/NATO, para uma Itália soberana e neutra, liberta de armas nucleares
   
A Itália assinou, em 1969 e ratificou, em 1975, o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares que, no Artigo 2 estabelece: «Cada um dos Estados militarmente não nucleares, que seja Parte do Tratado, compromete-se a não receber de quem quer que seja, armas nucleares ou outros dispositivos, nem o controlo sobre essas armas e engenhos explosivos nucleares, directa ou indirectamente».

Esse compromisso é iludido pelo facto da Itália fazer parte da NATO, a qual, no Conceito Estratégico de 2010  , adoptado pela Cimeira de Lisboa, estabelece: « A garantia suprema da segurança dos Aliados é fornecida pelas forças nucleares estratégicas da Aliança, particularmente, as dos Estados Unidos; as forças nucleares estratégicas independentes, do Reino Unido e da França, que têm a sua própria função de dissuasão, contribuem para a dissuasão e para a segurança total dos Aliados».

Dentro da NATO, a Itália faz parte do Grupo de planificação nuclear, formado pelos Ministros da Defesa de todos os países membros, excepto o da França, que se encontram regularmente para discutir e decidir (sempre à porta fechada) sobre as questões específicas da política nuclear da Aliança.

Ao mesmo tempo, a Itália faz parte, no interior da NATO, do grupo de países que «fornecem à Aliança, aviões de dupla capacidade, disponíveis para as funções nucleares». A NATO especifíca que «na sua função nuclear, estes aviões estão equipados para transportar bombas nucleares e o pessoal está instruído para esse fim», mas que «os Estados Unidosmantém o controlo absoluto e a guarda das armas nucleares associadas». Deste modo, a NATO admite, oficialmente, que os Estados Unidos fornecem armas nucleares aos paises membros da Aliança não nucleares, violando o Tratado de Não-Proliferação das Armas Nucleares, assinado pelos Estados Unidos em 1968 e ratificado em 1970, cujo Artigo 1 estabelece:«Cada um dos Estados militarmente nucleares, que seja Parte do Tratado, compromete-se a não transferir a quem quer que seja, armas nucleares ou outros dispositivos nucleares explosivos ou o controlo dessas armas e engenhos explosivos, directa ou indirectamente».

O facto de que os pilotos italianos são treinados para o ataque nuclear sob comando USA – segundo confirma a FAS – é demonstrado pela presença em Ghedi do 704th Munitions Support Squadron, uma das quatro unidades da U.S. Air Force deslocada nas bases europeias (além disso, em Itália, na Alemanha, Bélgica e Holanda) «onde as armas nucleares USA estão destinadas a ser lançadas pelos aviões dos países hospedeiros». Os pilotos dos quatro países europeus e os pilotos turcos, já peritos no uso da bomba B-61, são agora preparados nos centros de treino, nos EUA, para usar a B61-12. A sua preparação é completada com a Steadfast Noon, o exercício anual de guerra nuclear da NATO, ocorrido em 2013, em Aviano e em 2014, em Ghedi.

A Itália – que não só faz parte do Grupo de planificação Nuclear, mas é um dos países que fornecem à NATO, aviões e pilotos para o ataque nuclear – não pode tomar decisões autónomas, em contraste com o Conceito Estratégico 2010, que ela própria aprovou na Cimeira de Lisboa. O Conceito Estratégico estabelece que «as armas nucleares constituem uma componente fundamental da capacidade de dissuasão e defesa da NATO, juntamente com as forças convencionais e de defesa missilística». O mesmo «compromete a NATO a lutar pelo objectivo de criar as condições para um mundo sem armas nucleares, mas confirma que, enquanto houver no mundo armas nucleares, a NATO permanecerá uma aliança nuclear».

Isto explica a posição assumida pela Itália a respeito do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, votado pela maioria, nas Nações Unidas, em 7 de Julho de 2017. Exprimindo profunda preocupação pelas consequênciqs humanitárias catastróficas de qualquer uso de armas nucleares e reconhecendo a necessidade consequente de eliminar completamente essas armas, o Tratado compromete os Estados aderentes a não produzir nem possuir armas nucleares, a não usá-las, nem ameaçar usá-las, a não transferí-las nem a recebê-las, directa ou indirectamente. Este é o ponto fundamental de força do Tratado, que visa crear «um instrumento juridicamente vincolativo para a proibição das armas nucleares, que conduza à sua eliminação total».

O Tratado é votado em 2017 por uma maioria de 122 Estados, entre os quais a Austria, Bangladesh, Bolívia, Brasil, Cuba, Indonésia, Irão, Iraque, México, Myanmar, Nigéria, Nova Zelandia, Peru, Africa do Sul, Suécia, Suiça e Venezuela. O Tratado - que para entrar em vigor tem de ser assinado e ratificado por 50 Estados – é apenas vinculativo para os Estados que aderem ao mesmo e não os proíbe de fazer parte de alianças militares com Estados que possuem armas nucleares. Além do mais, cada um dos Estados aderentes «tem o direito de retirar-se do Tratado, se decidir que acontecimentos extraordinários relativos à matéria do Tratado possam colocar em perigo os supremos interesses do próprio país». Formula vaga que permite em qualquer momento a qualquer Estado Aderente romper o acordo, dotando-se de armas nucleares.

O maior limite consiste no facto de que não adere ao Tratado nenhum dos Estados que possuem armas nucleares: os Estados Unidos e as duas outras potências nucleares da NATO, França e Grã-Bretanha, que possuem globalmente 7.000 ogivas nucleares; a Rússia que possui outro tanto; a China, Israel, Índia, Paquistão e Coreia do Norte, com arsenais menores mas nem por isso, desprezíveis. Não aderem ao Tratado os outros membros da NATO, em particular a Itália, a Alemanha, a Bélgica, a Holanda e a Turquia, que albergam bombas nucleares dos Estados Unidos da América. A Holanda, depois de ter participado nas negociações, esprime um parecer contrário no momento da votação. Não aderem ao Tratado, globalmente, 73 Estados membros das Nações Unidas, entre os quais surgem os principais parceiros  dos USA/NATO: Ucrânia, Japão e Austrália.

Não obstante esses limites, o Tratado das Nações Unidas sobre a Proibição das Armas Nucleares, constitui um marco sobre a única maneira viável de acabar no baralho da guerra nuclear. «Pelo seu empenho em chamar a atenção para as  consequências catastróficas humanitárias de qualquer uso de armas nucleares e pelos seus esforços inovadores para uma proibição dessas armas com base num tratado», a International Campaign to Abolish Nuclear Weapons (ICAN), uma coligação de organizações não-governamentais de uma centena de países, é distinguida com o Prémio Nobel da Paz, em 2017.

O Tratado é aberto às assinaturas, no Palácio de Vidro, em New York, em 20 de Setembro de 2017. No dia anterior, na Câmara dos Deputados, em Roma, é aprovada uma moção que compromete o governo a «continuar a perseguir o objectivo de um mundo sem armas nucleares através da centralidade do Tratado de Não-Proliferação, avaliando, de forma compatível com as obrigações assumidas na Aliança Atlântica, a possibilidade de aderir ao Tratado para vetar as armas nucleares, aprovado pela Assembleia Geral da ONU». O Governo exprime «parecer favorável» sobre a moção, mas no dia seguinte, com os outros 28 membros do Conselho do Atlântico Norte, rejeita na totalidade e ataca o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares.

O Conselho do Atlântico Norte, na Declaração de 20 de Setembro de 2017, sustenta que «um Tratado que não compromete nenhum dos Estados possuidores de armas nucleares não será eficaz, não aumentará a segurança nem a paz internacionais, mas arrisca-se a fazer o oposto, criando divisões e divergências». Também esclarece, sem meias palavras, que «não aceitaremos nenhum argumento contido no Tratado». Anuncia, igualmente, que «iremos intimar os nossos parceiros e todos os países que tencionarem apoiar o Tratado, a reflectirem seriamente nas suas implicações» (leia: entraremos em contacto para que não o assinem nem o ratifiquem).

O Conselho do Atlântico Norte desautoriza, portanto, os parlamentos nacionais dos países membros, privando-os da soberania de deciderem autonomamente se devem aderir ou não, ao Tratado das Nações Unidas sobre a Abolição das Armas Nucleares.

Isto colaca em termos muito claros a questão essencial: como é possível fazer qualquer coisa, em Itália, para desactivar a escalada nuclear e contribuir para a eliminação completa das armas nucleares, permanecendo numa Aliança que vos priva da soberania de decidir sobre uma questão de  importância fundamental e que confia a nossa «segurança» à «garantia suprema fornecida pelas forças nucleares estratégicas da Aliança, particularmente as dos Estados Unidos»?

Em essência, levanta a questão da Itália pertencer à NATO. Há quem diga que se pode permanecer na NATO, mantendo a sua autonomia de escolha, ou seja, tendo a possibilidade de decidir, de vez em quando, no parlamento nacional, se deve participar ou não, numa determinada iniciativa da Aliança Atlântica. Ilusão ou pior que isso. No Conselho do Atlântico Norte, as normas da NATO estabelecem: «Não há voto nem decisão maioritária», mas «as decisões são tomadas por unanimidade e de comum acordo», ou seja, de acordo com os Estados Unidos da América, a quem pertence, por direito, o cargo de Comandante Supremo Aliado na Europa e os outros comandos chave, compreendendo o do Grupo de Planificação Nuclear da NATO. Entre as muitas variantes de tal ilusão existe a dos F-35 americanos, aviões projectados para o ataque nuclear, sobretudo com bombas B 61-12, para cujo uso já se estão a preparar os pilotos italianos, para que possam ser usados pela Itália, com uma espécie de segurança que impeça o uso de armas nucleares.

No grande espectáculo mediático da política, os ilusionistas e os funâmbulos exibem-se, participando em marchas pela paz e assinando apelos para um mundo sem armas nucleares, ou seja, para algo que actualmente é impossível, mas não fazem nada para realizar o que hoje seria possível: uma batalha decidida para libertar a Itália de armas nucleares, que não servem a nossa segurança mas que nos expõem a riscos crescentes. É o único modo, através do qual, em Itália, se pode realmente contribuir para desarmar a escalada que conduz à guerra nuclear, concretizando um verdadeiro passo em frente para a eliminação total das armas nucleares.

Para fazê-lo, é necessário bater-se em campo aberto, para que a Itália cesse de violar o Tratado de Não-Proliferação. Impondo aos EUA para que removam imediatamente as suas armas nucleares do nosso território nacional e, ao mesmo tempo, para que a Itália, ao libertar-se, adira ao Tratado das Nações Unidas sobre a proibição das Armas Nucleares. Mesmo que não houvesse tratado vinculativo, este seria o objectivo pelo qual lutar.

Os princípios da Constituição italiana e os verdadeiros interesses nacionais tornam indispensável a remossão do nosso território nacional não só das armas nucleares, mas das bases USA e das bases NATO sob comando USA, as quais, além de ter a função de projectar forças convencionais em acções ofensivas para o Sul e para Leste, têm a função de poder lançar um ataque nuclear das posições avançadas, situadas no nosso país, tornando-o um alvo prioritário de uma inevitável retaliação nuclear.

Por outras palavras, deve quebrar-se o Grande Tabú que domina o mundo político e institucional, indicando claramente o objectivo a atingir: a saída da Itália da NATO e a saída da NATO de Itália, para contribuir para a dissolução da Aliança Atlântica e de qualquer outra aliança militar. Objectivo considerado louco pelos que acreditam que a Aliança Atlântica é qualquer coisa sagrada e intocável; considerado perigoso por quem sabe que, colocando-se contra a NATO, põe em risco a sua carreira política; considerado impossível por quem pensa que não pode existir uma Itália soberana e neutra.

Os obstáculos que se interpõem à realização desse objectivo são gigantescos. O Poder dominante baseia a sua força não só nos instrumentos políticos, económicos e militares, mas sobre o controlo da mente, propósito possível através de um aparelho mediático globalmente difundido que, sobretudo através da televisão, induz a acreditar que existe apenas aquilo que se vê e não existe o que não se vê.

O controlo da mente através do aparelho mediático dominante permite, por um lado, tranquilizar a opinião pública escondendo as ameaças reais, por outro lado, alarmá-la, fazendo abrir, de vez em quando, hologramas de inimigos perigosos (hoje novamente o adversário russo, personificado por Putin), para, deste modo, justificar políticas de rearmamento, operações militares e guerras. E, sempre em função do controlo da mente, acreditar-se no espectáculo de que, depois de ter sustentado as guerras que demolindo Estados na totalidade (o último, o Estado da Líbia), provocaram êxodos de massas, hoje estão na primeira fila para acolher de braços abertos, as vítimas dessas mesmas guerras.

A grande maioria não sabe mesmo nada ou quasi nada, dos mecanismos que determinam a sempre, cada vez mais rápida escalada de guerra, tornando sempre mais real o cenário da terceira (e última)guerra mundial: a guerra termonuclear.Fala-se nos círculos restritos dos «viciados no trabalho», no «sal e pimenta» (em referência à cor do cabelo) dos quais os jovens estão em grande parte ausentes. Trata-se de sair do fechado, encontrando formas e idiomas para fazer compreender que o tempo se está a esgotar, que é necessário movermo-nos enquanto estamos a tempo. Por outras palavras, levar as pessoas a reagir, como baseados no institnto de sobrevivência reagiriam os habitantes de um condomínio se vissem que alguém acumular explosivos no porão de arrumos comum. Pelo contrário, quase ninguém reage, porque a maioria desconhece ou não sabe do que se trata, enquanto os Estados Unidos acumulam explosivos nucleares debaixo dos nossos pés.

O que devemos fazer, está nas mãos de cada um de nós. É necessário que cada um faça qualquer coisa, mesmo que seja pequena, mas que seja real, para trazer de volta o relógio do Apocalipse. É o caminho obrigatório através do qual passa cada escolha para o futuro. O relógio do Apocalipse está a assinalar, apenas, as horas de um mundo sem futuro.


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Parte Dois: O Estudante

Parte Três: O Estudante Universitário

Parte Quatro: O Jovem especialista

Parte Cinco: O Espia

Parte Seis: O Democrata

Parte Sete: O Burocrata

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Parte Nove: O Político

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