Tuesday, November 24, 2020

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A Arte da Guerra

Na ONU, a Itália abstém-se sobre o Nazismo

Manlio Dinucci

 

A Terceira Comissão das Nações Unidas - responsável pelas questões sociais, humanitárias e culturais – aprovou, em 18 de Novembro, a Resolução "Combate à glorificação do nazismo, do neonazismo e de outras práticas que contribuem para alimentar formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e da intolerância relacionada".

A Resolução, ao recordar que “a vitória sobre o nazismo na Segunda Guerra Mundial contribuiu para a criação das Nações Unidas, a fim de salvar as gerações futuras do flagelo da guerra”, lança o alarme para a disseminação de movimentos neonazis, racistas e xenófobos em muitos partes do mundo. Exprime "profunda preocupação pela glorificação, sob qualquer forma, do nazismo, do neonazismo e dos antigos membros da Waffen-SS". Sublinha, a seguir,  que “o neonazismo é algo mais do que a glorificação de um movimento do passado: é um fenómeno contemporâneo”. Os neonazis e outros movimentos semelhantes "alimentam as formas actuais do racismo, da discriminação racial, do anti-semitismo, da islamofobia, da cristianofobia e da intolerância relacionada".

Portanto, a resolução exorta os Estados das Nações Unidas a tomarem uma série de medidas para combater esse fenómeno. A Resolução, já adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 18 de Dezembro de 2019, foi aprovada pela Terceira Comissão com 122 votos a favor, incluindo os dos dois membros permanentes do Conselho de Segurança - a Rússia e a China.

Só dois membros das Nações Unidas é que votaram contra: os Estados Unidos (membro permanente do Conselho de Segurança) e a Ucrânia.

Efectivamente, devido a uma directiva interna, os outros 29 membros da NATO, incluindo a Itália, abstiveram-se. Os 27 membros da União Europeia fizeram o mesmo, 21 dos quais pertencem à NATO. Entre as 53 abstenções, estão também a Austrália, o Japão e outros parceiros da NATO.

O significado político desta votação é claro: os membros e os parceiros da NATO boicotaram a Resolução que, sem a nomear, antes de mais nada põe em causa a Ucrânia, cujos movimentos neonazis foram e continuam a ser usados ​​pela NATO para fins estratégicos. Existem inúmeras provas de que as equipas neonazis foram treinadas e empregadas, sob a direcção USA/NATO, no putsch da Praça Maidan, em 2014, e no ataque aos russos da Ucrânia para provocar, com o afastamento da Crimeia e o seu regresso à Rússia, um novo confronto na Europa semelhante ao da Guerra Fria.

É emblemático o papel do Batalhão Azov, fundado em 2014 por Andriy Biletsky, o "Führer branco" defensor da "pureza racial da nação ucraniana, que não se deve misturar com raças inferiores". Depois de se destacar pela ferocidade, o Azov foi transformado num regimento da Guarda Nacional Ucraniana, equipado com tanques e artilharia. O que ele conservou, foi o emblema, decalcado no das divisões SS Das Reich, e a formação ideológica dos recrutas modelada na dos nazis. O regimento Azov é treinado por instrutores norte-americanos, transferidos de Vicenza para a Ucrânia, acompanhados por outros da NATO.

O Batalhão Azov não é apenas uma unidade militar, mas um movimento ideológico e político. Biletsky continua a ser o chefe carismático especialmente para a organização juvenil, educada no ódio contra os russos e treinada militarmente. Ao mesmo tempo, são recrutados em Kiev neonazis de toda a Europa, incluindo da Itália. Assim, a Ucrânia tornou-se o "viveiro" do ressurgimento do nazismo no coração da Europa. Faz parte desse quadro, a abstenção da Itália, inclusive na votação da Resolução na Assembleia Geral.

O Parlamento concorda, como aconteceu quando, em 2017, assinou um memorando de entendimento com o Presidente do Parlamento ucraniano, Andriy Parubiy, fundador do Partido Social Nacional Ucraniano, segundo o modelo nacional-socialista hitleriano, chefe das equipas neonazis responsáveis ​​pelos assassinatos e espancamentos ferozes dos opositores políticos. Será ele que irá congratular-se com o governo italiano pela não votação da Resolução das Nações Unidas sobre o Nazismo, em sintonia com o que disse na televisão: “O maior homem que praticou a democracia directa, foi Adolf Hitler”.

Manlio Dinucci

il manifesto, 24 de Novembro de 2020


Manlio Dinucci

Geógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica atribuído em 7 de Junho de 2019, pelo Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

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