EUA e ascensão e
queda dos Impérios
8/6/2020, Francis
Lee para o Saker Blog
Tradução: Amigos do Brasil
Creio que se possa dizer que, com frequência, surtos repentinos de crescimento econômico são efeito de preparativos para guerra, de guerra diretamente e de reconstrução de pós-guerra. Foi o processo a que se assistiu, por exemplo, gerado pelo fim da 1ª Guerra Mundial, seguida por período acelerado e rápido de crescimento econômico baseado no boom do mercado de ações dos EUA em 1929. Dadas as leis do capitalismo e seu ritmo imanente de boom-e-desastre, a quebradeira foi inteiramente previsível.
A consequente recessão saltou sobre o Atlântico Norte, para uma Europa ainda fraca, que não se tinha realmente recuperado da carnificina de 1914-18. A depressão que daí resultou na Europa foi especialmente aguda na Alemanha, uma vez que o país ainda tentava pagar aos Aliados as indenizações de guerra que lhe tinham sido impostas pelo Tratado de Versalhes.
Como se não bastasse, outro golpe atingiria a estabilidade econômica e
financeira mundial: a falência do Anstalt-Credit Bank, em 1931. Credit-Anstalt
era banco excepcionalmente grande, com sede em Viena. Dadas a interligação
entre o setor bancário e financeiro e a fragilidade do sistema bancário europeu
naquele momento, a falência de um banco levou a falências em cadeia. Em outubro
de 1929, o governo Schober austríaco obrigou o Credit-Anstalt, supostamente bem
financiado, a assumir responsabilidades, o que, com o crash simultâneo
de Wall Street, conduziu ao desequilíbrio financeiro do então maior fornecedor
de crédito da Áustria. Dia 11 de maio de 1931, o Credit-Anstalt teve de
declarar falência.
O colapso do Credit-Anstalt em Viena iniciou a propagação da crise na Europa e
forçou a maioria dos países, em poucos meses, a abandonar o Padrão Ouro. Um
sentimento de desconfiança e insegurança financeira alastrou-se a partir de
Viena e levou a corridas a outros bancos na Hungria, Checoslováquia, Romênia,
Polônia e Alemanha. O colapso desencadeou uma reação em cadeia que levou, da
corrida aos bancos alemães, a saques em Londres, e da desvalorização da libra
esterlina a saques em grande escala em Nova Iorque, e a outra série de
falências bancárias nos EUA. Assim, em resumo, a notícia da crise do
Credit-Anstalt, o banco mais importante da Europa Central, abalou toda a
estrutura econômica da Europa e enviou ondas de choque para o resto do mundo.
Implicações políticas e estratégicas
Tudo isso fez aumentar a instabilidade política e econômica, tanto na
Europa como na América do Norte, durante o Interregnum. Crises desse tipo deram
origem, sem surpresa, a amarga luta de classes entre o capital e o trabalho, e
a vários outros desequilíbrios sociais e políticos. A revolução na Rússia, a
ascensão dos nazistas na Alemanha e, anteriormente, na Itália, o novo movimento
político dos fascistas de camisas negras liderado por Benito Mussolini – sendo
esse novo modelo político, a contrarrevolução de baixo para cima. Além do mais,
caíram naquele momento nada menos de quatro dinastias reais, os Habsburgos, os
Hohenzollerns, os Romanovs e os Otomanos. A velha ordem tinha desaparecido,
pelo menos na Europa, mas os respectivos impérios ainda permaneciam:
Grã-Bretanha, França e o mais novo membro do clube imperialista, os EUA, unidos
desde que entraram no jogo imperialista, no final do século 19, onde continuam.
As colisões de interesses resultantes, entre as nações rivais e os blocos que
ainda tinham questões geopolíticas não resolvidas da 1ª Guerra Mundial pareciam
entrar em processo inexorável – que se encaminhava para conflito militar aberto
entre as Grandes Potências. E assim foi. A Alemanha era Estado poderoso e bem
armado com ambições imperiais, mas encontrou pela frente um combinado de EUA,
URSS e Império Britânico, o que indicava que fatalmente seria derrotada.
A 2ª Guerra Mundial foi, com exceção da América Latina, guerra global e teve
ramificações globais. A grande reconstrução das organizações e instituições
físicas, econômicas, políticas e geopolíticas passou por diferentes fases,
tanto na Europa devastada pela guerra como no Extremo Oriente. Os EUA tiveram
sorte: exceto o caso de Pearl Harbour, não sofreram danos importantes no seu
próprio território, senão no Havaí.
Bretton Woods 1944
O ano de 1942 foi o ponto de virada, a partir do qual a vitória aliada já
estava mais ou menos garantida. Decidiu-se, portanto, convocar uma reunião das
potências aliadas – excluindo-se a URSS por razões geopolíticas – a qual foi,
na sua maioria, conduzida e supervisionada pelos EUA e pelo Reino Unido, sendo
os EUA, naturalmente, o principal parceiro. Em 1944, a conferência aconteceria
no Hotel Washington, na pequena cidade de Bretton Woods, em New Hampshire, EUA.
Foi grandiosamente intitulada Conferência Monetária e Financeira das Nações
Unidas. Nessa altura, Hitler ainda duraria por mais 10 meses; a guerra
continuava a grassar no Extremo Oriente; e o Japão só se renderia dali a 13
meses. A Carta das Nações Unidas ainda demoraria um ano para aparecer. Os
participantes tinham específicos objetivos de criar instituições que
promovessem uma visão para além do fim da guerra, unidas na esperança de um
mundo unido pela prosperidade.
Política exterior dos EUA e crepúsculo do Império Britânico
Tudo muito nobre e idealista. Mas também lá estavam, ativadas, as motivações
corriqueiras dos estados-nação e seus grupos internos de interesses – grupos
que cultivavam as próprias preocupações, todas consideravelmente menos
idealistas. Alguns teóricos realistas das relações exteriores argumentavam que
o plano para essas instituições de Bretton Woods tinha raízes mais antigas, nos
anos 1930s e no Conselho de Relações Exteriores dos EUA [ing. US
Council of Foreign Relations].[1]
“Os membros deste grupo cedo avaliaram que, no mínimo, o interesse nacional dos
EUA exigia o livre acesso às matérias-primas do hemisfério ocidental, do
Extremo Oriente e do Império Britânico. Em 24 de Julho de 1941, um memorando do
Conselho esboçava o conceito de “grande área: a parte do mundo que os Estados
Unidos dominavam econômica e militarmente para assegurar materiais para as suas
indústrias”.[2]
É claro que os norte-americanos compreenderam tacitamente que o Império
Britânico opunha-se à agressão imperial americana e que assim sendo, em última
análise, ele tinha de desaparecer. A delegação britânica estava, de fato, sendo
manipulada pelos norte-americanos ao longo dessas tortuosas negociações. Mas os
britânicos estavam semiconscientes do que os americanos faziam. Segundo o
principal negociador britânico, J.M.Keynes, em carta privada a um colega:
“A maior causa de fricção entre os EUA e a Grã-Bretanha durante um período muito longo foi o problema do que costumávamos chamar de ‘os antigos compromissos’, originado no fato de que lend-lease* não se tornou efetivo senão cerca de nove meses depois de se tornar legalmente vigente (...) O Deputado não sublinha o fato de a Administração norte-americana ter tido o cuidado de não tomar todas as precauções para que os britânicos estivessem o mais perto possível da falência antes de qualquer assistência... ou devidamente abatidos sempre que pareça haver a mínima perspectiva de que deixar as coisas como estão possa conduzir a resultado em que os britânicos deixem o país no final da guerra, a não ser uma insolvência desesperada.’’[3]
Assim, toda a questão de Lend-lease resumiu-se ao seguinte: O Reino Unido estava falido, em posição de suplicante, e não tinha meios para reembolsar os empréstimos concedidos pelos EUA. Por outro lado, os círculos dominantes dos EUA não eram instituição de caridade e insistiam na reciprocidade empresarial que envolvia o reembolso dos empréstimos. Além disso, o fato de esse reembolso significar a dissolução virtual do império britânico e da zona da libra esterlina foi avaliado, por certos quadrantes norte-americanos, como bom negócio para os EUA. É de notar que a parcimônia dos EUA em relação ao empréstimo britânico contrastou fortemente com o prolongamento da dívida gerada pelo Plano Marshall e com a extinção das dívidas alemãs do pós-guerra.
“O primeiro empréstimo na agenda do pós-guerra foi o empréstimo britânico que, como o Presidente Truman anunciou ao transmiti-lo ao Congresso, fixaria o curso das relações econômicas americanas e britânicas para os anos seguintes. Tinha razão, pois o Acordo de Empréstimo Anglo-Americano anunciava o fim da Grã-Bretanha como Grande Potência”.[4]
‘Austeridade’ [o nome certo JÁ ERA e ainda é ARROCHO] de pós-guerra – Política europeia
O pós-guerra foi período de amarga austeridade [amargo ARROCHO] do final dos anos 40, com racionamento e ARROCHO entre ruínas da guerra, que continuaram até o início dos anos 50, para ser exato, até 1954 no Reino Unido, até 1950 na Alemanha.
No Reino Unido, o Partido Trabalhista foi eleito para o poder em 1945, quando, segundo se diz, venceu as eleições de 1945 graças aos militares que regressavam da guerra e votavam em massa nos trabalhistas. O novo governo recebeu um mandato político para nacionalizar as indústrias centrais: Ferrovias, Serviços Públicos (gás, eletricidade, água), Transportes, Carvão, Ferro e Aço e, mais importante ainda, para criar o Serviço Nacional de Saúde, a joia da coroa de uma nova ordem social e política, supervisionada por um partido social-democrata corajoso.
Na Europa, a mudança também estava na ordem do dia. Havia partidos comunistas de massas abertos, o PCF na França e o PCI na Itália, frequentemente complementados por partidários armados na França, Itália, Iugoslávia e nos Balcãs, incluindo a Grécia. Os partidários de Tito ganharam poder em 1946. Mas a guerra civil na Grécia em 1944-49 teve resultado diferente.[5] Também chegaram ao poder nos Balcãs nessa altura os partidários albaneses liderados pela figura carismática, embora demente, de Enver Hoxha.
As coisas melhoraram na fase seguinte da recuperação pós-guerra, durante a década de 1950, que marcou a continuação das políticas de reconstrução do pós-guerra. O racionamento teve fim e houve um surto de crescimento, que se mantivera praticamente plano durante séculos até a Primeira Guerra Mundial, quando a época da industrialização da sociedade evoluiu pari passu com a produção industrial mecanizada; essa foi característica da pesquisa civil e militar que muitas vezes envolveu a fertilização cruzada dos dois campos. O crescimento decolou quase verticalmente nas décadas de 1950 e 1960, com certeza em meados do século 20. Mas foi fenômeno político, além de estratégico/econômico e foi período de conflito e luta política interna agudos.
Boom pós-guerra e Guerra Fria
No entanto, a partir de meados dos anos 50, a dinâmica da evolução social e política entrou em período mais sustentado e semiequilibrado. Os Trente Glorieuses, como os franceses chamavam aqueles anos – foi era dourada de paz social e política: havia altos níveis de crescimento, baixos níveis de desemprego, altos níveis salariais, altos níveis de investimento, não era bem a utopia social-democrática, mas pelo menos deixavam-se para trás os anos de pobreza, guerra e austeridade [já era ARROCHO], parecia que para sempre. Penso que esse incomparável boom econômico do pós-guerra teve muito a ver com a reconstrução do pós-guerra – como já anotei no parágrafo inicial.
Mas é preciso ter em conta também que, em termos internacionais e estratégicos, essa foi a era da Guerra Fria. Foi período de impasse nuclear, OTAN, Pacto de Varsóvia, divisão instável da Europa e as guerras coloniais na Coreia (ONU sob controle dos EUA), Indochina (francesa e americana) Malaya, Quênia, Palestina (britânica). Essa situação ainda está em curso, com os EUA tentando (sem sucesso) construir um império.
Bretton Woods 2
Essas tendências eram muito visíveis e, de um modo geral, no domínio público. Mas talvez as questões e decisões menos controversas tivessem tido e continuassem a acontecer em contextos mais recônditos. Em 1944, na sessão de abertura de Bretton Woods, Henry Morgenthau, então Secretário do Tesouro dos EUA, deveria apresentar um dos pressupostos subjacentes que norteavam o trabalho dos arquitetos do sistema de Bretton Woods. Alguns eram válidos, outros menos. Em particular, a hipótese de que (1) todos seriam beneficiários do aumento do comércio mundial, e de que (2) o crescimento econômico não seria limitado pelos limites do planeta.
O problema com esse modo de pensar é que o consenso político e os valores entre as potências sejam quais forem, são também consenso e valores partilhados por todos os outros. Essa lacuna é muito óbvia e frequente dentro da “elite do poder” dos decisores políticos e formadores de opinião, como o astuto intelectual americano C. Wright Mills observava, já nos anos 50.
Apesar de tudo isso, ao final daquele encontro histórico, estavam criados o Banco Mundial (International Bank for Reconstruction and Development), o FMI (International Monetary Fund) e o GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), depois substituído pela Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization). Se posso parafrasear o poeta Robert Browning: Roosevelt na Casa Branca, Deus no céu e tudo bem no mundo!
Consolidação e Nova Ordem Mundial
Desde então, essas organizações globais vêm sendo ocupadas, ao longo dos anos, cumprindo fielmente o seu mandato de promover o crescimento econômico mediante a ‘globalização’. O termo ‘globalização’ envolve a liberalização do mercado, a desregulamentação e a privatização. Mediante Programas/Políticas de Ajustamento Estrutural (PAE), o Banco Mundial e o FMI pressionaram os países do Sul Global a abrirem suas fronteiras e a converterem suas economias de autossuficiência, em produção para exportar. Os acordos comerciais negociados no âmbito do GATT/OMC reforçaram essas políticas e privilegiaram as economias abertas, tanto no Sul como no Norte do mundo, abrindo a via para a importação cada vez mais livre de bens e fluxos de capitais (geralmente “dinheiro quente”). Essas teorias comerciais arcaicas justificam-se pela referência a David Ricardo e ao seu conceito arcaico de “vantagem comparativa” que ainda é ensinado nos departamentos de economia das universidades.
A Nova Ordem Mundial americana, estabelecida em 1945, tinha um componente estratégico-militar, bem como um componente econômico. A ocupação americana em 1945 tornou-se permanente com a imposição da OTAN, que se expandiu progressivamente até a fronteira russa. Essa ocupação durou sete décadas e quase não é percebida como tal. A Europa tornou-se essencialmente um conjunto de Estados vassalos impensadamente leais aos seus senhores norte-americanos. A situação tornou-se tão enraizada que – exceto por uma breve oposição gaullista – os europeus desconhecem por completo essa anexação silenciosa. Uma anexação que, em grande parte, foi levada a cabo pela CIA e seus Quislings [traidores colaboracionistas] pró-euro. Entre esses contam-se as ‘operações’ Gladio, Mockingbird e Paperclip.
Esse bloco Atlântico – OTAN – é veículo intercontinental agressivo que serve de instrumento para a estratégia norte-americana de domínio global. Poder nada soft.
“Frequentemente acontece de ocupados e colonizados acabarem por aceitar e adoptar o sistema e as formas dos seus ocupantes e colonizadores... Na Europa Ocidental (e agora a fortiori Oriental) muitos já aceitam sem contestá-lo o papel primordial dos EUA sobre os assuntos dos seus próprios Estados, dando pouca importância à OTAN, exceto como fundamento da própria arquitetura de segurança. Foram educados e socializados com isto, como parte do seu mundo. Em muitos casos, não se trata só de parte normal do status quo, mas tudo é invisível para as populações. Por isso a continuação da Aliança Atlântica após a Guerra Fria praticamente não foi contestada pelas sociedades dos Estados membros da OTAN. Assim os EUA consolidaram sua influência em todos e em cada um dos Estados, lenta, mas firmemente.”[6]
A dominação pelas finanças tem sido outra das armas de que se servem os EUA, na sua busca de hegemonia global. Esse fato é particularmente relevante, no caso do dólar norte-americano. Enquanto moeda de reserva mundial, o dólar confere uma série de vantagens comerciais em relação aos seus “parceiros” comerciais, bastante fáceis de enumerar. Por exemplo:
“Custa apenas
alguns cêntimos para a Casa da Moeda nos EUA produzir uma nota de 100 dólares,
mas os outros países têm de fornecer mais de 100 dólares de bens e serviços
para obterem uma. (A diferença entre o que custa ao governo imprimir uma nota e
o que custa a um estrangeiro adquiri-la é conhecida como seignorage
– denominação que se origina no o direito do Senhor medieval
[fr. seigneur] de cunhar moeda e guardar para si parte do metal
precioso de que a moeda for feita). Cerca de 500 mil milhões de dólares de
moeda americana circulam fora dos Estados Unidos, pelos quais os estrangeiros
tiveram de fornecer aos EUA 500 bilhões de dólares em bens e serviços”.[7]
Não é privilégio do qual se possa abusar, mas, sendo a natureza humana o que é, sempre se abusou desse privilégio. Quando os EUA abandonaram o Padrão Ouro em 1971, podia imprimir dólares à vontade, para pagar suas contas de importações. Significou que acumulavam muitas vantagens, inclusive a que Eichengreen menciona acima. Mas as coisas jamais foram tão claras como pareciam.
O Dilema de Triffin e a farra do dólar
Houve sempre uma incompatibilidade fundamental entre alcançar a estabilidade econômica global e possuir uma moeda nacional única para desempenhar o papel de moeda mundial de reserva. Como moeda mundial de reserva, o dólar tem de ser a âncora do sistema comercial mundial. No entanto, como moeda nacional, o dólar tem de ter flexibilidade suficiente para servir à política interna dos EUA. Assim, o duplo papel do dólar implica contradição essencial entre o valor do dólar e sua serventia como ferramenta política.
Durante a “era dourada” de Bretton Woods, que durou de 1944 a 1971, o dólar americano foi fixado em relação ao ouro, em 35 dólares por onça. No entanto, o custo das guerras ‘de escolha’ (que os EUA escolheram guerrear) na Coreia e na Indochina, e de programas sociais ambiciosos como a “Grande Sociedade” de Lindon Johnson, viu uma acumulação global de dólares excedentes nos bancos centrais de todo o mundo. Esses países que tinham dólares excedentes passaram a negociar os seus dólares excedentes na “janela de ouro” do Federal Reserve. Era situação que os EUA não podiam tolerar, uma vez que o ouro voava rapidamente para fora dos EUA, para os vários cofres dos bancos centrais locais ultramarinos.
Foi assim até que, dia 15 de agosto de 1971, o presidente Nixon suspendeu a convertibilidade dólar-ouro por tempo limitado, movimento que logo se converteu em arranjo permanente – que dura até hoje. O padrão ouro foi substituído pelo padrão ‘fiat EUA-dólar’. O dólar teria de ser visto como confiável ‘como ouro’, o que sempre exigiu mais um compromisso de fé, que alguma política econômica racional.
O economista belga, dissidente, Robert Triffin, foi o primeiro a chamar a atenção para essa anomalia, em seu trabalho seminal, dos anos 1960s Gold and the Dollar Crisis: The Future of Convertibility [Ouro e a crise do dólar: o futuro da convertibilidade]. Triffin observou que fazer o EUA-dólar desempenhar o papel de moeda mundial de reserva criara conflitos fundamentais de interesses entre objetivos domésticos e objetivos internacionais.
Por um lado, a economia internacional carecia de dólares para finalidades de liquidez e para satisfazer a demanda por ativos de reserva. Mas isso forçava, ou pelo menos facilitava, para os EUA, incorrer em déficits consistentemente muito altos.
Triffin argumentou que tal política de déficits persistentes acabaria, mais dia menos dia, por pressionar a convertibilidade dos dólares, até que todo o sistema de câmbio internacional criado em Bretton Woods fosse descartado – precisamente o que aconteceu em 1971.
Esse arranjo levou a algo que, de fato, foram vantagens tangíveis para os EUA, pelo menos na situação atual Foi ‘bom trabalho’, se é que me entendem.
O comércio internacional denominado em EUA-dólares implica que os EUA, ‘donos’ da moeda mundial de reserva, pudesse usar seus dólares para comprar ativos estrangeiros e os pagasse em dólares. Esses dólares foram então entesourados por estrangeiros que já não podiam converter em ouro os seus dólares excedentes, e eram forçados a comprar títulos do Tesouro dos EUA e outros ativos denominados em EUA-dólares – que jamais seriam recomprados (pelos EUA). Países com excedentes em dólares passariam a ter de vender seus dólares acumulados com tanto sacrifício, para comprar títulos do Tesouro dos EUA, o que fez aumentar o valor do dólar e manteve baixos os jutos nos EUA. E os EUA, ‘em troca’, comprariam bens e serviços daqueles mesmos países superavitários. Funcionou mais ou menos assim: uma empresa estrangeira de computadores – digamos ‘Japcom’ – vende a você um computador emprestando-lhe o dinheiro para comprá-lo! Inventaram o almoço grátis.
Claro que sempre há uma pegadinha! O efeito de um dólar forte, que fez subir os custos das indústrias norte-americanas, levou ao sucateamento da economia doméstica dos EUA, a qual, em resumo, não pode mais competir contra empresas ‘de fora’, muito mais eficientes. A última coisa que o ‘cinturão da ferrugem’ dos EUA precisava seria um dólar forte, que tornava suas próprias exportações menos competitivas. Assim os EUA viram-se num dilema econômico.
Por um lado, os EUA precisam promover política de dólar forte; por outro lado, precisam promover política de dólar fraco. Ou, dito de outro modo, devem permitir um fluxo de dólares para fora, para satisfazer a demanda global por moeda; mas também têm de arquitetar um influxo do dólares para tornar mais competitivas suas próprias indústrias domésticas. Dito de outro modo: quando o Fed corta as taxas de juros, os investidores vendem ativos denominados em dólares e compram ativos estrangeiros, o que tende a enfraquecer a taxa de câmbio do dólar.
Ganhar nas duas pontas?! Claro que não é possível.
Além disso, nada leva a crer que o resto do mundo continue a apoiar perpetuamente esse “privilégio exorbitante”. Até agora, os regimes Vichy-Quisling-Petainescos na Europa e na Ásia Oriental têm batido continência e têm-se prostrado perante seus amos e senhores, mas seria erro grave imaginar que esse acordo possa ser permanente. Ironicamente, porém, o hegemon norte-americano oferece a seus amigos e aliados tratamento consideravelmente pior do oferece a seus supostos inimigos. Tal é a natureza da geopolítica.
E daqui em diante?
A ascensão e queda dos impérios sempre foi um leitmotiv para os historiadores, de Tucídides e Heródoto, a Gibbon, Glubb e Hobsbawm, na época moderna. Parece bastante óbvio que os EUA já entraram em declínio irreversível, e penso que o mesmo se aplica provavelmente à Europa, já efetivamente ‘americanizada’. O intelectual norte-americano Morris Berman pôs o dedo no pulso da decadência dos modernos EUA.
“Com o século 21 em curso, a cultura norte-americana está, simplesmente, em completo desarranjo (...) A dissolução da hegemonia empresarial norte-americana, quando ocorrer – e a nossa própria “virada soviética” está pelo menos a 40 ou 50 anos do momento em que aqui escrevo – e acontecerá devido à incapacidade final do sistema para se manter indefinidamente. Esse tipo de ruptura, que é fenômeno histórico recorrente, é fenômeno de longo alcance e é interno ao sistema”.[8]
O longo declínio descrito por Berman é, em geral, uma crítica cultural. Um declínio tão maciço, implacável e abrangente que parece irresistível e que, infelizmente, ninguém conseguirá deter. Como escreve Berman, na continuação:
“Para uma população desorientada e estupefata, ‘democracia’ não será mais do que o direito de fazer compras ou escolher entre Wendy's ou Burger King, ou de olhar de olhos fixos para a CNN e crer que esse infoentretenimento orientado seria de fato alguma ‘notícia’. Como disse, a hegemonia das corporações, o triunfo da democracia/consumismo global baseado no modelo americano já é o colapso da civilização americana. Assim sendo, sim, está em curso uma transformação em grande escala, mas é transformação que torna impossível distinguir entre triunfo e desintegração”.[9]
Acrescente-se a isso o esvaziamento da economia produtiva dos EUA[10] e a ascensão de um sector financeiro inchado, mantido por injeções de dinheiro recém-impresso pelo Fed e que assume cada vez mais a imagem de um gigantesco esquema Ponzi, no qual os níveis de endividamento existentes são servidos por mais dívida, aparentemente sem fim. Não será fácil inverter esse movimento. A atual desindustrialização dos EUA e dos seus satélites parece irreversível.
As elites políticas dos EUA e as mídias sociais parecem toca de corruptos, sem nem uma ideia política na cabeça, uma, que fosse, nem noção do que sejam e para onde ir: mas tudo está bem, desde que sejam pagos. O quadro lembra muito os últimos dias da monarquia francesa, com a própria Maria Antonieta dos EUA, a cabeça de vento Nancy Pelosi, sempre a propagandear, pela TV, a variedade de gelados que guarda no seu freezer durante o atual isolamento. O povo não tem pão, Nancy! Ora! Que comam sorvetes! Brilhantes Relações Públicas, dessa Nancy Antonieta.
Depois, claro, há os neoconservadores, lunáticos completos e certificáveis, que, juntamente com Israel e respectiva ‘5ª coluna’ dentro dos EUA, têm a intenção de arrastar os EUA para guerras que os EUA não podem vencer, o que lentamente degrada o moral da população civil e a capacidade de combate da “invencível” máquina militar americana.
Uma analogia histórica parece pertinente neste momento.
Diz a história que a batalha mais importante que o exército romano travou foi a Batalha da Floresta de Teutoburgo. Ali, três poderosas legiões romanas atravessaram o Reno para enfrentar as tribos germânicas; um passeio, ou os romanos esperavam que fosse. Infelizmente, estavam confiantes e demais e foram demasiadamente mal comandados. Em marcha que forçou ao descompactamento e ao alongamento da coluna de soldados, ficou impossível organizar as tradicionais formações romanas de batalha – como o temido testudo (tartaruga). E os romanos foram atacados de todos os lados por hordas de tribos germânicas e passados sem cerimônia pelo fio da espada: três legiões de soldados, 20 mil homens, um décimo do exército romano. Aconteceu no ano 9º dC. O Império Romano durou aproximadamente mais 400 anos, mas sua reputação jamais se recuperou do golpe que sofreu na Batalha da Floresta de Teutoburgo. O início do fim veio quando os visigodos atravessaram o Danúbio em 376 d.C. e invadiram o Império Romano propriamente dito. Quando Roma foi saqueada, o Império acabou.
Os EUA parecem estar no mesmo caminho, ou num caminho semelhante, mesmo que seja difícil, se não impossível, marcar data para o desaparecimento definitivo. Quem pode dizer o futuro? Quem esperar verá.*******
Não é privilégio do qual se possa abusar, mas, sendo a natureza humana o que é, sempre se abusou desse privilégio. Quando os EUA abandonaram o Padrão Ouro em 1971, podia imprimir dólares à vontade, para pagar suas contas de importações. Significou que acumulavam muitas vantagens, inclusive a que Eichengreen menciona acima. Mas as coisas jamais foram tão claras como pareciam.
O Dilema de Triffin e a farra do dólar
Houve sempre uma incompatibilidade fundamental entre alcançar a estabilidade econômica global e possuir uma moeda nacional única para desempenhar o papel de moeda mundial de reserva. Como moeda mundial de reserva, o dólar tem de ser a âncora do sistema comercial mundial. No entanto, como moeda nacional, o dólar tem de ter flexibilidade suficiente para servir à política interna dos EUA. Assim, o duplo papel do dólar implica contradição essencial entre o valor do dólar e sua serventia como ferramenta política.
Durante a “era dourada” de Bretton Woods, que durou de 1944 a 1971, o dólar americano foi fixado em relação ao ouro, em 35 dólares por onça. No entanto, o custo das guerras ‘de escolha’ (que os EUA escolheram guerrear) na Coreia e na Indochina, e de programas sociais ambiciosos como a “Grande Sociedade” de Lindon Johnson, viu uma acumulação global de dólares excedentes nos bancos centrais de todo o mundo. Esses países que tinham dólares excedentes passaram a negociar os seus dólares excedentes na “janela de ouro” do Federal Reserve. Era situação que os EUA não podiam tolerar, uma vez que o ouro voava rapidamente para fora dos EUA, para os vários cofres dos bancos centrais locais ultramarinos.
Foi assim até que, dia 15 de agosto de 1971, o presidente Nixon suspendeu a convertibilidade dólar-ouro por tempo limitado, movimento que logo se converteu em arranjo permanente – que dura até hoje. O padrão ouro foi substituído pelo padrão ‘fiat EUA-dólar’. O dólar teria de ser visto como confiável ‘como ouro’, o que sempre exigiu mais um compromisso de fé, que alguma política econômica racional.
O economista belga, dissidente, Robert Triffin, foi o primeiro a chamar a atenção para essa anomalia, em seu trabalho seminal, dos anos 1960s Gold and the Dollar Crisis: The Future of Convertibility [Ouro e a crise do dólar: o futuro da convertibilidade]. Triffin observou que fazer o EUA-dólar desempenhar o papel de moeda mundial de reserva criara conflitos fundamentais de interesses entre objetivos domésticos e objetivos internacionais.
Por um lado, a economia internacional carecia de dólares para finalidades de liquidez e para satisfazer a demanda por ativos de reserva. Mas isso forçava, ou pelo menos facilitava, para os EUA, incorrer em déficits consistentemente muito altos.
Triffin argumentou que tal política de déficits persistentes acabaria, mais dia menos dia, por pressionar a convertibilidade dos dólares, até que todo o sistema de câmbio internacional criado em Bretton Woods fosse descartado – precisamente o que aconteceu em 1971.
Esse arranjo levou a algo que, de fato, foram vantagens tangíveis para os EUA, pelo menos na situação atual Foi ‘bom trabalho’, se é que me entendem.
O comércio internacional denominado em EUA-dólares implica que os EUA, ‘donos’ da moeda mundial de reserva, pudesse usar seus dólares para comprar ativos estrangeiros e os pagasse em dólares. Esses dólares foram então entesourados por estrangeiros que já não podiam converter em ouro os seus dólares excedentes, e eram forçados a comprar títulos do Tesouro dos EUA e outros ativos denominados em EUA-dólares – que jamais seriam recomprados (pelos EUA). Países com excedentes em dólares passariam a ter de vender seus dólares acumulados com tanto sacrifício, para comprar títulos do Tesouro dos EUA, o que fez aumentar o valor do dólar e manteve baixos os jutos nos EUA. E os EUA, ‘em troca’, comprariam bens e serviços daqueles mesmos países superavitários. Funcionou mais ou menos assim: uma empresa estrangeira de computadores – digamos ‘Japcom’ – vende a você um computador emprestando-lhe o dinheiro para comprá-lo! Inventaram o almoço grátis.
Claro que sempre há uma pegadinha! O efeito de um dólar forte, que fez subir os custos das indústrias norte-americanas, levou ao sucateamento da economia doméstica dos EUA, a qual, em resumo, não pode mais competir contra empresas ‘de fora’, muito mais eficientes. A última coisa que o ‘cinturão da ferrugem’ dos EUA precisava seria um dólar forte, que tornava suas próprias exportações menos competitivas. Assim os EUA viram-se num dilema econômico.
Por um lado, os EUA precisam promover política de dólar forte; por outro lado, precisam promover política de dólar fraco. Ou, dito de outro modo, devem permitir um fluxo de dólares para fora, para satisfazer a demanda global por moeda; mas também têm de arquitetar um influxo do dólares para tornar mais competitivas suas próprias indústrias domésticas. Dito de outro modo: quando o Fed corta as taxas de juros, os investidores vendem ativos denominados em dólares e compram ativos estrangeiros, o que tende a enfraquecer a taxa de câmbio do dólar.
Ganhar nas duas pontas?! Claro que não é possível.
Além disso, nada leva a crer que o resto do mundo continue a apoiar perpetuamente esse “privilégio exorbitante”. Até agora, os regimes Vichy-Quisling-Petainescos na Europa e na Ásia Oriental têm batido continência e têm-se prostrado perante seus amos e senhores, mas seria erro grave imaginar que esse acordo possa ser permanente. Ironicamente, porém, o hegemon norte-americano oferece a seus amigos e aliados tratamento consideravelmente pior do oferece a seus supostos inimigos. Tal é a natureza da geopolítica.
E daqui em diante?
A ascensão e queda dos impérios sempre foi um leitmotiv para os historiadores, de Tucídides e Heródoto, a Gibbon, Glubb e Hobsbawm, na época moderna. Parece bastante óbvio que os EUA já entraram em declínio irreversível, e penso que o mesmo se aplica provavelmente à Europa, já efetivamente ‘americanizada’. O intelectual norte-americano Morris Berman pôs o dedo no pulso da decadência dos modernos EUA.
“Com o século 21 em curso, a cultura norte-americana está, simplesmente, em completo desarranjo (...) A dissolução da hegemonia empresarial norte-americana, quando ocorrer – e a nossa própria “virada soviética” está pelo menos a 40 ou 50 anos do momento em que aqui escrevo – e acontecerá devido à incapacidade final do sistema para se manter indefinidamente. Esse tipo de ruptura, que é fenômeno histórico recorrente, é fenômeno de longo alcance e é interno ao sistema”.[8]
O longo declínio descrito por Berman é, em geral, uma crítica cultural. Um declínio tão maciço, implacável e abrangente que parece irresistível e que, infelizmente, ninguém conseguirá deter. Como escreve Berman, na continuação:
“Para uma população desorientada e estupefata, ‘democracia’ não será mais do que o direito de fazer compras ou escolher entre Wendy's ou Burger King, ou de olhar de olhos fixos para a CNN e crer que esse infoentretenimento orientado seria de fato alguma ‘notícia’. Como disse, a hegemonia das corporações, o triunfo da democracia/consumismo global baseado no modelo americano já é o colapso da civilização americana. Assim sendo, sim, está em curso uma transformação em grande escala, mas é transformação que torna impossível distinguir entre triunfo e desintegração”.[9]
Acrescente-se a isso o esvaziamento da economia produtiva dos EUA[10] e a ascensão de um sector financeiro inchado, mantido por injeções de dinheiro recém-impresso pelo Fed e que assume cada vez mais a imagem de um gigantesco esquema Ponzi, no qual os níveis de endividamento existentes são servidos por mais dívida, aparentemente sem fim. Não será fácil inverter esse movimento. A atual desindustrialização dos EUA e dos seus satélites parece irreversível.
As elites políticas dos EUA e as mídias sociais parecem toca de corruptos, sem nem uma ideia política na cabeça, uma, que fosse, nem noção do que sejam e para onde ir: mas tudo está bem, desde que sejam pagos. O quadro lembra muito os últimos dias da monarquia francesa, com a própria Maria Antonieta dos EUA, a cabeça de vento Nancy Pelosi, sempre a propagandear, pela TV, a variedade de gelados que guarda no seu freezer durante o atual isolamento. O povo não tem pão, Nancy! Ora! Que comam sorvetes! Brilhantes Relações Públicas, dessa Nancy Antonieta.
Depois, claro, há os neoconservadores, lunáticos completos e certificáveis, que, juntamente com Israel e respectiva ‘5ª coluna’ dentro dos EUA, têm a intenção de arrastar os EUA para guerras que os EUA não podem vencer, o que lentamente degrada o moral da população civil e a capacidade de combate da “invencível” máquina militar americana.
Uma analogia histórica parece pertinente neste momento.
Diz a história que a batalha mais importante que o exército romano travou foi a Batalha da Floresta de Teutoburgo. Ali, três poderosas legiões romanas atravessaram o Reno para enfrentar as tribos germânicas; um passeio, ou os romanos esperavam que fosse. Infelizmente, estavam confiantes e demais e foram demasiadamente mal comandados. Em marcha que forçou ao descompactamento e ao alongamento da coluna de soldados, ficou impossível organizar as tradicionais formações romanas de batalha – como o temido testudo (tartaruga). E os romanos foram atacados de todos os lados por hordas de tribos germânicas e passados sem cerimônia pelo fio da espada: três legiões de soldados, 20 mil homens, um décimo do exército romano. Aconteceu no ano 9º dC. O Império Romano durou aproximadamente mais 400 anos, mas sua reputação jamais se recuperou do golpe que sofreu na Batalha da Floresta de Teutoburgo. O início do fim veio quando os visigodos atravessaram o Danúbio em 376 d.C. e invadiram o Império Romano propriamente dito. Quando Roma foi saqueada, o Império acabou.
Os EUA parecem estar no mesmo caminho, ou num caminho semelhante, mesmo que seja difícil, se não impossível, marcar data para o desaparecimento definitivo. Quem pode dizer o futuro? Quem esperar verá.*******
[1] O Conselho de Relações Exteriores (CRE), fundado em 1921,
é um grupo norte-americano de reflexão [think tank] sem fins lucrativos,
especializado em política exterior e assuntos internacionais do interesse dos
EUA. Está sediado em Nova Iorque, com escritório secundário em Washington, D.C.
Essa descrição um pouco vaga não explica a realidade. Na verdade, o CRE é
composto de figurões extraídos da nomenklatura política e
financeira americana, uma incubadora de líderes e ideias unificadas, na direção
de uma economia global dominada pelos interesses empresariais dos EUA.
[2] The Failures of Bretton Woods –
David C Korten – The Case Against the Global Economy – 1996 –
p.21
* No âmbito do programa Lend-Lease, entre 1941 e
1945, os EUA forneceram aproximadamente 50 bilhões de dólares em equipamento
militar, matérias-primas e outros bens a 38 países. Cerca de 30 bilhões de
dólares do total foram para o Reino Unido, tendo a maior parte do restante sido
entregue à União Soviética, à China e à França.
[3] Robert Skidelsky – John Maynard
Keynes – Fighting for Britain – 1937-46 – Collected Works and Letters –
XXIV 28/29 letter to E.R.Stettinuis, 18/4/1944.
[4] Michael Hudson – Super
Imperialism – pp.268/269
[5] O governo trabalhista britânico de 1945-40
(?1945-1951, talvez? [NTs]) realmente ‘teve lado’
na Guerra Civil da Grécia combatida entre o exército do
governo grego (apoiado pelo Reino Unido e
pelos EUA) e o Exército
Democrático da Grécia — braço militar do Partido Comunista da Grécia
apoiado por Iugoslávia, Albânia e Bulgária. Essa situação durou de 1946 a 1949.
A URSS negou-se a enviar ajuda. A luta resultou em derrota do Exército
Democrático a Grécia, pelas forças do Exército Helênico. O Partido Labour, por
mais social-democrata que tenha tentado fazer-crer que fosse, foi, isso sim,
imperialista até o âmago.
[6] Mahdi Darius Nazemroaya – The
Globalization of NATO, p. 334.
[7] Barry Eichengreen – Exorbitant
Privilege – pp. 3/4.
[8] Morris Berman – The
Twilight of American Culture – p. 21. Publicado em 2000.
[9] Berman – Ibid. – p. 132.
[10] A indústria automobilística criada por Henry Ford foi
dominante até recentemente, quando produzia 50% dos veículos a motor. Já não é.
Atualmente, os produtores globais de veículos estão assim rankeados:
1. Toyota (Japão)
Vendas anuais: 10.455.051 / 2. Volkswagen (Alemanha) Vendas Anuais: 10.382.384
/ 3. Hyundai/Kia (Coreia do Sul) Vendas Anuais: 7.218.391. / 4. General Motors
(EUA) Vendas Anuais: 6.856.880. / 5. Ford (EUA) Vendas Anuais: 6.386.818. / 6.
Nissan (Japão) Vendas Anuais: 5.769.277. / 7. Honda (Japão) Vendas Anuais:
5.235.842. / 8. FCA (Itália, EUA) Vendas Anuais: 4.681.457. / 9. Renault
(França) Vendas Anuais: 3.373.278. Grupo PSA (França) Vendas Anuais: 3.152.787.
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